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MOURISCAS - TERRAS E GENTES

Criado em 2004 para falar de Mouriscas e das suas gentes. Muitos artigos foram transferidos doutro espaço. Podem ter desaparecido parágrafos ou espaços entre palavras, mas, em geral, os conteúdos serão legíveis e compreensíveis.

MOURISCAS - TERRAS E GENTES

Criado em 2004 para falar de Mouriscas e das suas gentes. Muitos artigos foram transferidos doutro espaço. Podem ter desaparecido parágrafos ou espaços entre palavras, mas, em geral, os conteúdos serão legíveis e compreensíveis.

Mouriscas e o azeite (3)

22.08.06 | João Manuel Maia Alves
lagar-2.JPGMoinho da azeitona de lagar de tracção animalO pagamento dos serviços do lagar era feito em azeite, através da chamada maquia, que era uma percentagem determinada de azeite que ficava para o lagar, para depois ser vendido. O lucro do lagar dependia assim da capacidade de negociação do seu proprietário com os armazenistas que compravam grandes quantidades de azeite. O próprio Governo decretava anualmente, através da Junta Nacional do Azeite, uma tabela com o seu preço de venda. Havia no entanto uma margem pois os armazenistas muitas vezes pagavam acima da tabelaTambém no final dos trabalhos do lagar, havia as filhós, à semelhança do que acontecia com o rancho, e que, como não podia deixar de ser, constavam de uma grande jantarada em que não faltavam as filhós, por acontecer próximo do Natal.Em Mouriscas, na década de cinquenta, havia cerca de vinte lagares de azeite, uma parte deles com propulsão a motores diesel e ainda alguns movidos a água, e portanto localizados junto a ribeiras. Também existia pelo menos um lagar em Mouriscas, na Bica da Pedra, que era movido por um animal de raça muar Posteriormente os movidos a diesel passaram o utilizar a electricidade e os de água vieram a desaparecer.Antes da existência das prensas hidráulicas, que ainda existem na maioria dos lagares, o aperto para a extracção do azeite era feito por um processo de vara com fuso, que funcionava como alavanca. O fuso com rosca entrava num olhal na extremidade da vara e tinha uma porca que ao rodar por acção da força humana deslocava para baixo a ponta da vara a qual apertava as seiras colocadas em forma de pilha, com a massa. Pelo facto da cultura da oliveira em Mouriscas ser intensiva, o que provocou a necessidade da existência de lagares de azeite, ocorreu o desenvolvimento das fábricas de seiras e capachosNo inicio eram utilizadas as seiras, redondas e com uma bolsa onde era introduzida a massa. Posteriormente passou a utilizar-se os capachos que eram apenas em forma de disco e fabricados em cairo. As primeiras seiras eram fabricadas em esparto.Ainda como consequência do desenvolvimento da produção de azeite em Mouriscas e com a evolução dos conhecimentos práticos adquiridos pelos mestres dos lagares passaram estes a ser conhecidos em vários pontos do país e a deslocarem-se para esses locais onde desempenhavam as suas funções com grande competência, o que suscitava a satisfação dos seus patrões, que os contratavam anos a fio.Todas estas informações resultaram das recordações da minha vivência em Mouriscas durante a juventude, onde estudei no Colégio Infante de Sagres e também do acompanhamento muito próximo da actividade agrícola da minha família, em particular as frequentes visitas, que fazia com o meu pai ao lagar de azeite da família, hoje Cooperativa Mouritejo. Nessas idas frequentes ao lagar sempre me interessei bastante pelos pormenores do fabrico do azeite e dos equipamentos que constituíam o lagar.Ali comi umas boas torradas de azeite puro, feitas com pão da padaria do Sr Pedro Oliveira, que era ali perto, torrado na fornalha da caldeira e depois mergulhado no azeite das tarefas. Julho de 2006Alberto Grossinho

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