Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

MOURISCAS - TERRAS E GENTES

Criado em 2004 para falar de Mouriscas e das suas gentes. Muitos artigos foram transferidos doutro espaço. Podem ter desaparecido parágrafos ou espaços entre palavras, mas, em geral, os conteúdos serão legíveis e compreensíveis.

MOURISCAS - TERRAS E GENTES

Criado em 2004 para falar de Mouriscas e das suas gentes. Muitos artigos foram transferidos doutro espaço. Podem ter desaparecido parágrafos ou espaços entre palavras, mas, em geral, os conteúdos serão legíveis e compreensíveis.

Orlando Dias Agudo

19.12.05 | João Manuel Maia Alves

clip_image001.jpg

 

Orlando Dias Agudo é um mourisquense com uma brilha6nte e longa carreira na comunicação social. Das pessoas nascidas em Mouriscas é, com certeza, a que mais conhecida se tornou. Natural é, portanto, que lhe dediquemos um artigo.  

Orlando Dias Agudo nasceu em Mouriscas, no lugar de Ferrarias, em 16 de Junho de 1938. Foram seus pais Leonel Dias Agudo, ferroviário, e Maria de Matos Roldão, doméstica, sendo o terceiro de quatro irmãos que revelaram notáveis capacidades. Fez a sua escola primária em Lisboa até à 3.ª classe, tendo depois ingressado no Colégio Infante de Sagres, em Mouriscas, onde o Professor Matias Lopes Raposo o “obrigou” a entender bem a língua portuguesa. Ele refere, quando instado a comentar o que foi que aprendeu no Colégio de Mouriscas, que quando ali começou o ano dava regularmente quarenta ou mais erros nos ditados. Depois das férias do Natal raramente cometia um. Fez o exame da 4.ª classe em Abrantes e a admissão aos liceus já em Lisboa. Foi aluno dos liceus D. João de Castro e Gil Vicente, em Lisboa

O falecido jornalista desportivo Carlos Pinhão dizia que na sua escola havia os alunos bons em contas e os que eram bons em redacções. Orlando Dias Agudo pertencia a esta última categoria. O seu gosto pela escrita iria abrir-lhe a porta do jornalismo. No liceu, o seu professor de educação física, conhecedor da sua aptidão e gosto pela escrita, perguntou-lhe se queria colaborar com o jornal desportivo Record, então trissemanário e hoje diário. Orlando Dias Agudo aceitou. Então o professor estabeleceu contacto com o director do Record, Fernando Ferreira e, assim, se iniciou Orlando Dias Agudo nas lides jornalísticas. 

No Record Orlando Dias Agudo começou por fazer a cobertura das actividades desportivas da Mocidade Portuguesa, dessa maneira aliviando o fardo de Guita Júnior, jornalista do jornal que tinha a seu cargo várias modalidades desportivas. O editor do jornal era José Monteiro Poças, um dos fundadores e mais tarde director do Record. Ele apreciava o trabalho de Orlando Dias Agudo e, por isso, começou a atribuir-lhe outros serviços, que  o nosso biografado cumpria a rigor só para ver o seu nome impresso no corpo do jornal. 

Vejamos agora como a rádio entrou na vida da Orlando Dias Agudo para lhe proporcionar um enorme sucesso e para o tornar uma figura de projecção nacional. 

Nos anos 40, 50 e 60 do século passado a rádio desempenhava um papel muito importante na vida das pessoas que tinham o que, muitas vezes, se chamava uma telefonia. Não era o caso de muitos em Mouriscas, onde a electricidade chegou já depois de 1956. Mas os pais de Orlando Dias Agudo viviam em Lisboa, onde o pai era ferroviário, e tinham um rádio, em que Orlando Dias Agudo ouvia os programas, os artistas e os locutores da sua preferência. Assim, nasceu o gosto de Orlando Dias Agudo pela rádio. Nesses tempos os locutores de rádio gozavam de grande popularidade.

Existiu em Portugal uma estação de rádio que formou grandes profissionais, que singraram depois noutras estações. O seu nome era Rádio Universidade. Transmitia à volta de uma hora por dia na frequência do que é agora a Antena 2 da Radiodifusão Portuguesa, aumentando o tempo de emissão ao fim de semana. Na Rádio Universidade Orlando Dias Agudo adquiriu muitos conhecimentos e alguns “segredos” desse meio de comunicação que é a rádio.

Nos anos 50 ia para o ar, através das ondas do Rádio Clube Português, um programa que marcou uma época no panorama radiofónico português. Era o Talismã, do produtor independente Gilberto Cotta. Talismã, o programa que fica no tempo que passa era o slogan do programa. O Rádio Clube Português era uma estação privada com emissões que chegavam a quase todo o país.  

Gilberto Cotta convidou Orlando Dias Agudo para seu assistente de produção. Aceitou e, assim, iniciou a sua segunda experiência na rádio, sem deixar de escrever para o Record. Mais tarde o Rádio Clube Português convidou Orlando Dias Agudo para fazer parte dos seus quadros, também como assistente de produção.

Orlando Dias Agudo permaneceu vários anos do Rádio Clube Português. O seu nome e a sua excelente voz tornaram-se conhecidos em todo o país.

Depois do jornalismo e da rádio, a televisão haveria de entrar na vida de Orlando Dias Agudo. Isso aconteceu pela mão do falecido e saudoso Adriano Cerqueira, que convidou Orlando Dias Agudo para a sua equipa na RTP, mas para isso teria de deixar a rádio. Orlando Dias Agudo aceitou sem hesitar e, assim, começou uma carreira televisiva de vários anos.

 Na RTP Orlando Dias Agudo fez de tudo um pouco, desde repórter a editor, passando por apresentador de quase todos os programas desportivos. A sua projecção tornou-se ainda maior.

 Orlando Dias Agudo teve uma carreira brilhante, cheia de encanto e aventura, com muitas viagens, repleta de êxitos. Tornou-se conhecido e apreciado. Proporcionou momentos de prazer a milhões de pessoas. Atingiu uma notoriedade só ao alcance das grandes vedetas. Merece, por isso, que seja recordada ou conhecida, mesmo que em traços gerais, a sua carreira.

Orlando Dias Agudo sempre manteve uma forte ligação a Mouriscas, sua terra natal, onde passa bastante tempo. Muita gente ainda se lembrará da sua participação na apresentação de famosos artistas nos grandiosos festejos de verão dos anos 50 e 60. Essa é outra razão para esta homenagem.

 

Anexos (2)

13.12.05 | João Manuel Maia Alves
Continuemos a tratar dos anexos que tinham em Mouriscas as casas de outras épocas.

A capoeira dos coelhos era um anexo muito comum. Como o nome indica, destinava-se a servir de habitação aos coelhos, que, por vezes, tinham a companhia dum outro roedor. Tratava-se dum animal conhecido em português por vários nomes, entre eles o de porco-da-índia, apesar de, segundo parece, ser originário do Peru. O porco-da-índia, lindo animal a que os inglês chamam porco-da-guiné, vivia em paz com os coelhos e tinha a mesma sorte – ser comido. Tinha a interessante característica de emitir guinchos quando se aproximavam estranhos.

A capoeira dos coelhos era limpa de tempos a tempos e tinha que ser abastecida de erva com frequência, porque os roedores se reproduzem com muita rapidez e, por isso, havia sempre muitos habitantes.

A capoeira dos coelhos estava colocada acima do chão, em geral debaixo dum alpendre. Tinha, por assim dizer, duas divisões – uma aberta e pública, onde os coelhos viviam durante o dia, e outra fechada e reservada, onde se recolhiam à noite.

Outro anexo muito comum era um compartamento separado ou não do edifício principal conhecido por casita. Era muito, importante. Se calhar, era por ele que devíamos ter começado.

As casas tinham, em geral, amplas cozinhas e chaminés. No entanto, estas eram muitas vezes reservadas, total ou parcialmente, para certas ocasiões, usando-se a casita habitualmente em sua substituição.

Em muitas famílias a comida era preparada na casita. Nalgumas tomavam-se ali as refeições. Noutros casos a comida preparada na casita era consumida na cozinha.

Nalguns casos a cozinha era pouco usada no dia-a-dia. A casita servia para preparar as e tomar as refeições e, mesmo, de lugar de convívio.

A casita podia ser maior ou menor, ter uma função mais ou menos alargada, mas quase sempre existia e tinha importantes funções. Mesmo em ocasiões de reunião familiar alargada, a casita, podia, se, suficientemente grande, servir para tomar as refeições e até mesmo conviver.

A casita tinha fornalhas onde se preparava as refeições com lenha – ainda estava longe o uso, hoje generalizado, do gás. Às vezes tinha um forno. Podia ter cadeiras e mesas. Às vezes era um sítio muito cheio de fumo.

Continuaremos em próximo artigo esta viagem por estes equipamentos do passado.


João Manuel Maia Alves

Elsa Pires Marques

06.12.05 | João Manuel Maia Alves
Neste artigo damos a conhecer alguns dados biográficos de Elsa Pires Marques, uma pintora e desenhadora nascida em Mouriscas. É com muito prazer que dedicamos um artigo a esta artista neste espaço destinado às coisas e gentes de Mouriscas.

Elsa Pires Marques nasceu em 9 de Junho de 1961, no Lugar do Vale Covo, da freguesia de Mouriscas. Foram seus pais José Pires Marques, ferroviário, e Noémia Pires Coelheira, doméstica.

Vem de longe o gosto de Elsa Pires Marques pelo desenho e pela pintura. Já os seus professores do Primeiro Ciclo do Ensino Básico, no Entroncamento, deram por essa vocação. No entanto, as escolas que frequentou não proporcionavam ensino artístico. Por isso, dedicou-se a desenhar a carvão como autodidacta. É a eterna desvantagem de viver fora dos grandes centros.

Elsa Pires Marques teve a oportunidade de em 2003 frequentar um ateliê de desenho e pintura orientado pelo pintor Carlos Vicente realizado no Centro Cultural da Barquinha. Foi assim que aprendeu e desenvolveu a técnica de pintura a pastel.

No corrente ano de 2005 concorreu a um concurso organizado pela Junta de Freguesia de Mouriscas com o tema “25 de Abril”. Elsa Pires Marques obteve então o segundo lugar.

Em Junho do mesmo ano de 2005 Elsa Pires Marques expôs no Museu dos Riachos. Tratou-se duma exposição individual. Em Agosto voltou a expor em Mouriscas os seus trabalhos, desta vez na Feira-mostra de Mouriscas, organizada pela Junta de Freguesia. Depois disso participou em exposições colectivas em Torres Novas e na Barquinha. Nesta altura, nos primeiros dias de Dezembro de 2005, expõe na Discoteca “Emotion”, de Torres Novas.

Os motivos habituais dos seus trabalhos são fotografias, paisagens e, ultimamente, nus. Usa de momento a técnica de pintura a pastel.

As maiores ambições de Elsa Pires Marques consistem em ser versada em todas as técnicas e tornar-se cada vez mais conhecida.

Às pessoas com vocação artística Elsa Pires Marques dá o conselho de se aperfeiçoarem e procurarem e aproveitarem oportunidades de dar a conhecer os seus trabalhos. Acha que se deve lutar por aquilo de que se gosta.

Relativamente a outras formas de arte, Elsa Pires Marques gosta de música e dança.

Elsa Pires Marques tem vivido a maior parte da sua vida fora de Mouriscas. No entanto, nunca se afastou da sua terra natal, que visita frequentemente.

Artigo escrito por João Manuel Maia Alves, com base em dados fornecidos por Elsa Pires Marques, a quem este blogue deseja os maiores sucessos artísticos e pessoais.