Transportes por volta de 1950
30.06.05 | João Manuel Maia Alves
Este artigo fala também duma sensacional inovação na área dos transportes que ocorreu por volta de 1950. Que inovação? Leiam para saber e também para terem uma ideia dos meios de transporte usados em Mouriscas em meados do século passado.
De que meios de transporte dispunham as pessoas de Mouriscas para se deslocar dentro da freguesia por volta de 1950?
O meio de transporte mais utilizado era o fornecido pela natureza as pernas, que muitos usavam quase todos os dias para percorrer longas distâncias. Pense-se, por exemplo, nos estudantes do Colégio Infante de Sagres que moravam perto do Tejo.
Muitas pessoas deslocavam-se montando um animal mula ou burro, em geral fosse em trabalho, fosse para passeio. Muitas vezes o animal que de semana servia para transportar carga ou lavrar era usado ao domingo para passeio.
Cabe aqui recordar que durante muitos anos o Dr. João Santana Maia visitava os doentes montado numa égua. Não tendo ainda adquirido automóvel, o que aconteceu já depois de 1945, montado na égua conseguia chegar num dia a todos os lugares de Mouriscas, que é um exemplo bem típico de povoamento disperso com os seus numerosos casais espalhados por uma grande extensão.
Houve alturas em que o Padre Francisco José Pires, que deixou Mouriscas em 1951, estava mal das pernas e fazia os funerais montado numa burra. Penso que também usava o mesmo meio de transporte para visitar doentes.
Outros meios de transporte eram os carros, as carroças e as charretes, de tracção animal. Os carros e as carroças eram usados para transporte de carga; podiam também levar pessoas. Para ir a um casamento longe de casa, podia-se usar um carro ou uma carroça, com as devidas adaptações, para transportar um família.
As charretes eram veículos de transporte de pessoas que indicavam posses e distinção.
Muita gente tinha bicicletas. Prestavam bom serviço. A sua principal desvantagem provinha de em Mouriscas haver muitas subidas e descidas e, por isso, exigirem um grande esforço. Muito mais gente podia ter usado este meio de transporte, mas ele metia um certo medo a muitos, que nem sequer aprendiam a utilizá-lo.
Na região de Aveiro é vulgar as mulheres deslocarem-se em bicicletas. Em Mouriscas houve uma ciclista por volta de 1950. Era casada com Manuel Alves, conhecido por Manuel Cesário, das Sentieiras, um homem dedicado à cura pelas plantas.
Por volta de 1950, havia poucas motos em Mouriscas. Uma pertenceu a João Gonçalves Pedro. Ricardo Santana, dos Engarnais Cimeiros também possuiu uma. O Dr. João Santana Maia tinha tido uma. As motos penso que era mais habitual dizer-se motas eram grandes, caras e metiam um certo medo. Penso que à maioria não passaria pela cabeça ter um tal veículo.
Automóveis havia poucos. Por volta de 1950 tiveram automóveis em Mouriscas o Dr. João Santana Maia, Manuel Cadete, Casimiro Rego, José Marques Esparteiro, Miguel Marques Esparteiro, Jesuvino Ferro e António Baptista, o homem do táxi. Não recordo outros.
O primeiro táxi em Mouriscas apareceu por volta de 1950, mas disso falaremos noutro artigo.
Este era o panorama dos transportes de pessoas em Mouriscas.
Antes de 1950 tinha adquirido um novo residente Hélder Navarro, o homem da farmácia, que, aliás, se chamava Farmácia Navarro. Ele percorria a freguesia para dar injecções. Os meios de transporte referidos eram insuficientes para o seu trabalho. Então alguém teve a ideia duma invenção que seria muito útil para o Sr. Navarro, lembrando-se de adaptar motores às humildes bicicletas.
Adaptar um motor a uma bicicleta tinha os seus problemas. Era preciso colocar na estrutura do veículo o motor, a transmissão de movimento às rodas e um depósito de combustível. O aspecto podia parecer um pouco estranho, mas o resultado era excelente.
Esta invenção foi muito útil para várias pessoas em Mouriscas. Beneficiaram bastante com ela o citado Hélder Navarro e Augusto Serras, ferrador, que também era uma espécie de veterinário e se deslocava muito dentro de Mouriscas. No entanto, muitos donos de bicicletas não aderiram a esta inovação.
Vieram por essa altura e vulgarizaram-se outros veículos motorizados de duas rodas, uns sem pedais e de rodas pequenas, como as vespas e lambretas, outros mais parecidos com bicicletas. Não há dúvida, no entanto, que a adaptação de motores às bicicletas foi em Mouriscas, e certamente nas outras localidades, uma grande e surpreendente invenção que a muitos ajudou. Dos mais velhos muitos mal se recordarão desta inovação. Os mais novos nem sabem que existiu. Foi por isso que este artigo foi escrito.
Este artigo foi escrito por João Manuel Maia Alves
De que meios de transporte dispunham as pessoas de Mouriscas para se deslocar dentro da freguesia por volta de 1950?
O meio de transporte mais utilizado era o fornecido pela natureza as pernas, que muitos usavam quase todos os dias para percorrer longas distâncias. Pense-se, por exemplo, nos estudantes do Colégio Infante de Sagres que moravam perto do Tejo.
Muitas pessoas deslocavam-se montando um animal mula ou burro, em geral fosse em trabalho, fosse para passeio. Muitas vezes o animal que de semana servia para transportar carga ou lavrar era usado ao domingo para passeio.
Cabe aqui recordar que durante muitos anos o Dr. João Santana Maia visitava os doentes montado numa égua. Não tendo ainda adquirido automóvel, o que aconteceu já depois de 1945, montado na égua conseguia chegar num dia a todos os lugares de Mouriscas, que é um exemplo bem típico de povoamento disperso com os seus numerosos casais espalhados por uma grande extensão.
Houve alturas em que o Padre Francisco José Pires, que deixou Mouriscas em 1951, estava mal das pernas e fazia os funerais montado numa burra. Penso que também usava o mesmo meio de transporte para visitar doentes.
Outros meios de transporte eram os carros, as carroças e as charretes, de tracção animal. Os carros e as carroças eram usados para transporte de carga; podiam também levar pessoas. Para ir a um casamento longe de casa, podia-se usar um carro ou uma carroça, com as devidas adaptações, para transportar um família.
As charretes eram veículos de transporte de pessoas que indicavam posses e distinção.
Muita gente tinha bicicletas. Prestavam bom serviço. A sua principal desvantagem provinha de em Mouriscas haver muitas subidas e descidas e, por isso, exigirem um grande esforço. Muito mais gente podia ter usado este meio de transporte, mas ele metia um certo medo a muitos, que nem sequer aprendiam a utilizá-lo.
Na região de Aveiro é vulgar as mulheres deslocarem-se em bicicletas. Em Mouriscas houve uma ciclista por volta de 1950. Era casada com Manuel Alves, conhecido por Manuel Cesário, das Sentieiras, um homem dedicado à cura pelas plantas.
Por volta de 1950, havia poucas motos em Mouriscas. Uma pertenceu a João Gonçalves Pedro. Ricardo Santana, dos Engarnais Cimeiros também possuiu uma. O Dr. João Santana Maia tinha tido uma. As motos penso que era mais habitual dizer-se motas eram grandes, caras e metiam um certo medo. Penso que à maioria não passaria pela cabeça ter um tal veículo.
Automóveis havia poucos. Por volta de 1950 tiveram automóveis em Mouriscas o Dr. João Santana Maia, Manuel Cadete, Casimiro Rego, José Marques Esparteiro, Miguel Marques Esparteiro, Jesuvino Ferro e António Baptista, o homem do táxi. Não recordo outros.
O primeiro táxi em Mouriscas apareceu por volta de 1950, mas disso falaremos noutro artigo.
Este era o panorama dos transportes de pessoas em Mouriscas.
Antes de 1950 tinha adquirido um novo residente Hélder Navarro, o homem da farmácia, que, aliás, se chamava Farmácia Navarro. Ele percorria a freguesia para dar injecções. Os meios de transporte referidos eram insuficientes para o seu trabalho. Então alguém teve a ideia duma invenção que seria muito útil para o Sr. Navarro, lembrando-se de adaptar motores às humildes bicicletas.
Adaptar um motor a uma bicicleta tinha os seus problemas. Era preciso colocar na estrutura do veículo o motor, a transmissão de movimento às rodas e um depósito de combustível. O aspecto podia parecer um pouco estranho, mas o resultado era excelente.
Esta invenção foi muito útil para várias pessoas em Mouriscas. Beneficiaram bastante com ela o citado Hélder Navarro e Augusto Serras, ferrador, que também era uma espécie de veterinário e se deslocava muito dentro de Mouriscas. No entanto, muitos donos de bicicletas não aderiram a esta inovação.
Vieram por essa altura e vulgarizaram-se outros veículos motorizados de duas rodas, uns sem pedais e de rodas pequenas, como as vespas e lambretas, outros mais parecidos com bicicletas. Não há dúvida, no entanto, que a adaptação de motores às bicicletas foi em Mouriscas, e certamente nas outras localidades, uma grande e surpreendente invenção que a muitos ajudou. Dos mais velhos muitos mal se recordarão desta inovação. Os mais novos nem sabem que existiu. Foi por isso que este artigo foi escrito.
Este artigo foi escrito por João Manuel Maia Alves