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MOURISCAS - TERRAS E GENTES

Criado em 2004 para falar de Mouriscas e das suas gentes. Muitos artigos foram transferidos doutro espaço. Podem ter desaparecido parágrafos ou espaços entre palavras, mas, em geral, os conteúdos serão legíveis e compreensíveis.

MOURISCAS - TERRAS E GENTES

Criado em 2004 para falar de Mouriscas e das suas gentes. Muitos artigos foram transferidos doutro espaço. Podem ter desaparecido parágrafos ou espaços entre palavras, mas, em geral, os conteúdos serão legíveis e compreensíveis.

Festas de Verão (2)

14.02.07 | João Manuel Maia Alves
(Continuação)

Nos primeiros anos da década de cinquenta, do programa constavam as célebres “cavalhadas”. Os concorrentes montavam a cavalo e o objectivo era, em corrida, partir um cântaro que estava suspenso numa corda e evitar levar com os cacos ou com o que estava dentro do cântaro, em cima. Dentro dos cântaros havia gatos, cobras, aranhos, água, terra, cinza e outras coisas que era preciso evitar que viessem a cair em cima dos concorrentes.

Outra componente do programa eram os torneios de tiro aos pombos e mais tarde aos pratos, pois não era fácil conseguir pombos em quantidade suficiente. Fizeram-se torneios no Negrelinho, Casal Soares, Campo da Várzea e noutros locais que a minha memória já não consegue recordar. Havia os prémios, normalmente oferecidos para que o lucro saísse reforçado. O “campeão” de Mouriscas nesta disciplina era normalmente o Sr. António Faria.

As gincanas de automóveis, que ocorriam integradas no programa das festas, traduziram de certo modo o desenvolvimento das novas tecnologias ao utilizar o automóvel, cujo uso começava a generalizar-se também como veículo de lazer e descontracção. Havia nestas gincanas verdadeiros momentos em que era patente um conflito de tecnologias quando numa das provas o piloto deixava o automóvel parado no meio da pista e circulava à sua volta, montado num burro, quando conseguia.

O ponto mais alto das festas ocorria pela noite fora: orquestra a tocar, bailarico no dancing, o mais escondido no centro e quanto mais apertado melhor.
Havia também os sorteios da quermesse para os que não dançavam, onde os prémios eram tachos, panelas e bonecas para as crianças. A meio da noite comiam-se umas sardinhas assadas, uns pregos, cachorros, frangos e bebiam-se uns copos e umas cervejas e lá se ia passando a noite em alegre e são convívio. Outros, porém, gozavam a festa passando a noite ao balcão da barraca do vinho e da cerveja a regar as suas mágoas e pela madrugada só a “padiola” ou as suas mulheres os conseguiam levar dali.

Do programa nocturno faziam parte as variedades e neste campo as festas das Mouriscas davam cartas. Actuaram aqui os melhores artistas nacionais e quase em exclusivo, naquela altura: Maria de Lurdes Resende, Eugénia Lima, Luís Piçarra, Yola e Paulo, Paulo Alexandre e muitos outros.

O facto de existirem mourisquenses ligados à rádio e televisão sempre foi uma mais valia para se conseguir trazer aqui os melhores artistas que na altura existiam.

Motivadas pelo prestígio das festas de Mouriscas, outras localidades como o Pego, Rio de Moinhos e mais algumas, começaram de certo modo a competir, procurando trazer também ali o que melhor havia no campo artístico, tendo-o conseguido nalguns casos. Havia assim um certo despique entre as festas das Mouriscas e as de outras localidades.

O fogo de artifício constituído por fogo preso, foguetes de lágrimas e girândolas, constituía também um ponto alto das nossas festas, tanto mais que os dois pirotécnicos da terra, o Sr. Francisco Marques Amante e Filhos e o Sr. José Fernandes Duarte, este ainda entre nós, primavam por nos brindar, com o que de melhor produziam, notando-se até uma salutar concorrência entre ambos

No último dia das festas acontecia sempre um facto muito esperado e que mantinha sempre um certo suspense até ao fim: ”a rifa do carneiro”. Muito antes do início das festas começavam a ser vendidos os bilhetes para a rifa, mas só no último dia era feito o sorteio. O vencedor, quando presente, tinha que conviver com a satisfação de ter ganho o dito, mas com o incómodo de o levar para casa às tantas da noite e normalmente contrariado por ter mudado de dono.


Alberto Grossinho