Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

MOURISCAS - TERRAS E GENTES

Criado em 2004 para falar de Mouriscas e das suas gentes. Muitos artigos foram transferidos doutro espaço. Podem ter desaparecido parágrafos ou espaços entre palavras, mas, em geral, os conteúdos serão legíveis e compreensíveis.

MOURISCAS - TERRAS E GENTES

Criado em 2004 para falar de Mouriscas e das suas gentes. Muitos artigos foram transferidos doutro espaço. Podem ter desaparecido parágrafos ou espaços entre palavras, mas, em geral, os conteúdos serão legíveis e compreensíveis.

Eng. Bento Dias - Trabalho, mérito e sucesso

27.01.18 | João Manuel Maia Alves

bento dias.jpg

 

Os primeiros tempos

Nascido a 2 de agosto de 1925, em Mouriscas, no Lugar da Várzea, onde moravam, era filho de Francisco Dias e Ludovina Dias. Ludovina Dias era filha de Silvério de Oliveira.

Francisco Dias era sapateiro de profissão, sendo comum na altura o sapateiro trabalhar na casa dos clientes. Ludovina era doméstica, mantendo ambos uma pequena agricultura de subsistência (produtos hortícolas, vinho, azeite) como era hábito na zona.

Bento era o mais velho de cinco irmãos: Felismina, Maria do Céu, Henrique e Maria José. Henrique ficou Dias de Oliveira, pois Oliveira também era o apelido do padrinho.

Francisco Dias, o pai, era também conhecido (para fins comerciais) como Francisco Dias Raposeiro por ter sido sócio de António Raposeiro.

Dois irmãos faleceram, um à nascença (seria o mais velho) e um segundo com pouco mais de um mês (entre a Maria do Céu e o Henrique).

Por volta de 1935 mudaram para o lugar conhecido como Jogo da Bola, onde Bento viveu até ganhar a sua independência.

O estudante

Com sete anos inicia os estudos na Escola Primária de Mouriscas com um professor do Mação (1ª e 2ª classe). Na 3ª e 4ª classe foi aluno do Prof. Matias Lopes Raposo.

Segue para Castelo Branco para fazer o liceu. O Prof. Matias Lopes Raposo aconselhou o pai, Francisco Dias, a permitir que o filho continuasse a estudar, dado o aproveitamento que tinha tido. Contrariava, assim, a ideia que Francisco tinha de tornar o filho barbeiro no espaço disponível no seu estabelecimento comercial (que viria a ser taberna).

Em Castelo Branco esteve do 1º ao 3º ano, habitando dois anos no sótão de uma casa de um empregado dos Caminhos de Ferro e um ano numa casa com outros estudantes.

O primo Francisco Silva convida-o a ir para a Escola Machado de Castro, em Lisboa, onde fez do 1º ao 4º ano. No ano seguinte concorre (com o 3º ano do liceu feito em Castelo Branco) ao Instituto Industrial de Lisboa, onde esteve dois anos, após o que fez exame de admissão ao Instituto Superior Técnico (IST). Durante este período e nos primeiros 18 meses do IST viveu no Barreiro, em caso do primo Francisco, tendo depois do Serviço Militar vivido com a irmã Felismina, na Amadora.

Entrou no Insituto Superior Técnico (IST) no curso de Engenharia Civil, tendo interrompido no final do 2º ano, para fazer o Serviço militar. Incorporado em Vendas Novas, na arma de artilharia, passa aí cerca de dois anos, atingindo a patente de aspirante, tendo sido instrutor. Durante este período fez cálculo e mecânica na Faculdade de Ciências.

Regressado ao IST para fazer do 3º ao 6º ano, licenciou-se com média de 14,4 valores, 1º aluno do seu curso. No último ano foi presidente da Associação de Estudantes do IST (AAIST) tendo concorrido contra o seu colega e amigo Nuno Krus Abecassis. Como presidente da Associação cria os serviços médicos de apoio aos alunos, tendo contratado o jovem licenciado Dr. António Catita, iniciando uma amizade que durou toda a vida. Era então diretor do IST Belard da Fonseca.

Foi professor assistente durante três anos, enquanto aluno, dois anos em Desenho Técnico e um ano nas cadeiras deTopografia e Estradas.

O engenheiro e a família

Era parte curricular obrigatória a frequência de três estágios. Realizou o primeiro na UFA, União Fabril do Azoto (construção de pavilhões), um segundo no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (estágio de hidráulica geral) e o terceiro na Câmara Municipal de Abrantes (abastecimento de água domiciliário de Alvega e abastecimento por fontanários de Mouriscas e esboço de abastecimento domiciliário). Durante este terceiro estágio projetou com o seu colega e amigo Jorge Araújo a rede de abastecimento de Mouriscas, constituída por dezena e meia de fontanários.

Terminado o curso em 1953, foi trabalhar com o Professor Mazanares na Hidrotécnica Portuguesa, durante dois anos. O mesmo professor Mazanares convida-o para chefiar a Brigada de Estudos de Hidráulica do Révuè (Moçambique) onde esteve de 1955 a abril de 1961.

Entretanto tinha casado com Odete Serras Grossinho, também de Mouriscas, em 3 de abril de 1955, tendo nascido a primeira filha, Isabel Maria, a 14 de abril de 1956.

Passados dois anos na Brigada, esta passou a Brigada de Fomento e Povoamento do Révuè. Entretanto tinha estado uns 20 dias em Israel a estudar a filosofia dos kibbutz, como preparação do futuro trabalho em Moçambique.

Durante a sua estadia em Moçambique viveu sempre em Vila Pery (hoje Chimoio), onde se juntou a sua esposa, depois do nascimento da primeira filha.

Fundou os colonatos de Sussundenga e Zónuè, tendo-se o primeiro desenvolvido a ponto de hoje ser uma vila com mais de 19.000 habitantes.

Regressado ao continente, vai trabalhar com o Eng. Antunes Ferreira, onde se manteve cerca de dois anos. Numa das obras conhece o Eng. Manuel Beatriz que o convida para ir trabalhar para a Premolde, empresa que fabricava pré-esforçados e onde trabalhou até se reformar.

Em 28 de Julho de 1961 e 25 de novembro de 1964 nascem os outros dois filhos, Bento Manuel e Maria Margarida.

Com os sócios da Premolde, cria uma série de sociedades - Argibloco (Castelo Branco), Argipor (Portalegre) e Imperalum (Montijo), as duas primeiras dedicadas à produção de pré-esforçados e a terceira de materiais de isolamento.

Autor: Bento Manuel Grossinho Dias, filho de Bento Dias