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MOURISCAS - TERRAS E GENTES

Criado em 2004 para falar de Mouriscas e das suas gentes. Muitos artigos foram transferidos doutro espaço. Podem ter desaparecido parágrafos ou espaços entre palavras, mas, em geral, os conteúdos serão legíveis e compreensíveis.

MOURISCAS - TERRAS E GENTES

Criado em 2004 para falar de Mouriscas e das suas gentes. Muitos artigos foram transferidos doutro espaço. Podem ter desaparecido parágrafos ou espaços entre palavras, mas, em geral, os conteúdos serão legíveis e compreensíveis.

Comandante António Marques Esparteiro

22.05.07 | João Manuel Maia Alves
Oficial de marinha, escritor, historiador, dicionaristaAnt_m_esparteiro.JPGAntónio Marques Esparteiro foi das pessoas mais ilustres que vieram ao mundo em Mouriscas. Nasceu em 21-10-1898, nos Engarnais Cimeiros, da freguesia de Mouriscas, e faleceu nos finais de 1976. Era filho de Luís Marques Esparteiro e de Engrácia Lopes. Todos os oito filhos deste casal estudaram e foram pessoas importantes. António Marques Esparteiro tirou o curso da Escola Naval, o Curso de Artilharia no Royal Naval College, de Greenwich, na Inglaterra, e na Gunnery School, de Portsmouth, também na Inglaterra, e o Curso Naval de Guerra. Atingiu o posto de capitão-de-mar-e-guerra no início de 1955. Passou à reserva ao atingir a idade de 60 anos, em 21 de Outubro de 1958.Foi director da Escola de Alunos Marinheiros, comandante do torpedeiro «Lis» e do vapor «Lidador» e director dos Serviços Marítimos. Exerceu as funções de comandante da Defesa Marítima do Porto de Leixões e Barra do Douro, comandante interino das Forças Navais do Estado da Índia e comandante do aviso Afonso de Albuquerque. Pertenceu à Missão Naval da Fiscalização dos Avisos de 1a. classe, construídos em Inglaterra.Entre Junho de1949 e Agosto de 1954 prestou serviço na Secção de Marinha da Direcção-Geral Militar do Ultramar. Foi director do Arquivo Geral da Marinha. Desempenhou também as funções de vogal do Conselho Consultivo do Museu da Marinha e da Comissão de História Militar. Serviu em missão da Marinha de Guerra na Embaixada de Portugal nos Estados Unidos da América.Foi agraciado com as seguintes condecorações: grande oficialato e comenda da Ordem de Avis, medalhas de Ouro de Comportamento Exemplar, de Mérito Militar de 1a. classe e comemorativa das Campanhas do Exército Português na Índia.Notável escritor e historiador, foi autor de várias obras: Questionário de Marinharia (várias edições); Manual de Embarcações Miúdas (Edição do Ministério da Marinha), A B C do Aluno Marinheiro, Peça Skoda de 67,5 m/m. (Edição do Ministério da Marinha), O último cruzeiro do «Graf Spee», Panoramas Navais (separata dos Anais do Club Militar Naval, nos. 4 a 6), Subsídios para a História da Marinha de Guerra: Fragata D. Fernando e Glória (separata de Petrus Nonius, volume III, folha 2), Causas da Decadência e do Ressurgimento da Marinha, Séculos XVI e XVIII (separata dos Anais do Club Militar Naval, nos. 9 a 10), Corveta «Mindelo» (idem, nos. 5, 6, 7 e 8), 1941; Corveta ''Rainha de Portugal» (idem, nos. 5 a 10), O Desembarque na Terceira em 1829 (separata de Defesa Nacional, nos. 102 a 104), Navio-escola «Sagres» (separata de Petrus Nonius, volume V, folhas 1-2), Fragata «Rainha de Portugal», Quartos (separata dos Anais do Club Militar Naval, nos. 1 e 2), Comandos e Manobras de Vela (idem, nos. 11 e 12), Comandos e Manobras de Vela (idem, nos. 12 e 13), que recebeu o prémio Almirante Augusto Osório, Os Desvios no tiro anti-aéreo (idem, nos. 3 e 4), Paramina -Tipo B. V. (idem, nos. 1 e 2), A Tecnologia Naval nos Lusíadas (separata de Etnos, volume II), A Acção do Oficial imediato a bordo (separata dos Anais do Club Militar Naval, nos. 1 e 2), Amarrações fixas (idem, nos. 3 e 4), Artilharia e Minas, Tecnologia Naval, Guerra no Mar, Crónicas, Heróis do Mar, Portugal no Mar, Combate Naval na Boca do Tigre, O Almirante Marquês de Nisa, Canhoneira Douro, Nau D. João VI, A Corveta D. João I e o Ultramar Português, A Fragata Tristão e a Batalha do Cabo S. Vicente, A Canhoneira Diu e a Guerra de Timor, Fragata Princesa Carlota, O Almirante Pedro Morais de Sousa Sarmento, Panoramas Navais, Portugal no Daomé (1471-1961).Foi colaborador da Grande Enciclopédia Luso-Brasileira.Um texto do Comandante Esparteiro pode ser encontrado no artigo dedicado a Manuel Vaz Moreno na secção “Gente com História” da página “Mouriscas – Terra Grande, Terra Nossa” (http://motg.no.sapo.pt).Uma consulta à Internet mostra como obras do Comandante António Marques Esparteiro continuam a ser estudadas.António Marques Esparteiro foi também um brilhante autor de dicionários de termos de marinharia. Esta sua faceta foi objecto em 18 de Agosto de 2004 dum dos primeiros artigos deste blogue, o qual resumimos a seguir.Em 1936, o então Primeiro-Tenente António Marques Esparteiro publicou o “Dicionário Ilustrado de Marinharia”, prefaciado pelo grande linguista que foi o Prof. Leite de Vasconcelos. Em 1943 surgiu a segunda edição do dicionário do ilustre mourisquense, na altura Capitão-Tenente. Em 1962 o então Comandante Marques Esparteiro publicou um trabalho muito mais completo e actualizado que o anterior, tendo então triplicado as respectivas entradas. Foi o “Dicionário Ilustrado de Marinha”.Entretanto os anos passaram, a obra esgotou, muita coisa se alterou e a Marinha, nos finais dos anos 90 do século XX entendeu que seria conveniente publicar uma nova edição do “Dicionário”, obrigatoriamente revista e actualizada. A nova versão do dicionário, com 594 páginas, surgiu em finais de 2001. Foi acordado que se alteraria apenas o que manifestamente tivesse de ser actualizado e seriam corrigidas as inevitáveis gralhas que tivessem escapado à revisão. Apenas 8% do total das entradas do “Dicionário” sofreu alterações, facto que atesta bem o mérito da obra do Comandante Esparteiro, que continuará muito válida durante um largo período.António Marques Esparteiro foi também autor de outros dois dicionários: o “Dicionário de Marinha Português-Inglês” e o “Dictionary of Naval Terms English-Portuguese". Ambas as obras foram editadas nos meados dos anos 70 pelo Centro de Estudos de Marinha. O primeiro destes dicionários tem 285 páginas e o segundo 345. A foto incluída neste artigo pertence ao arquivo da Sociedade de Geografia de Lisboa e chegou-nos através do Prof. Carlos Bento. À prestigiosa instituição e ao dedicado colaborador deste blogue endereçamos os nossos agradecimentos.Na redacção deste artigo recorremos, entre outras fontes, à Grande Enciclopédia Luso-Brasileira.Em http://motg.blogs.sapo.pt/arquivo/2004_08.html pode ser lido o artigo de Agosto de 2004 deste blogue sobre a actividade de dicionarista do Comandante António Marques Esparteiro. De interesse são também os artigos sobre a sua família e sobre o apelido Esparteiro.

Economia mourisquense em 1964

08.05.07 | João Manuel Maia Alves
Inúmeros e longos comentários se poderiam ao artigo que se segue, publicado com o programa das festas de verão de 1964. Como tanta coisa mudou desde então! Vamos ao artigo.

MOURISCAS e a sua economia

Mouriscas tem fama de terra rica. Realmente os seus terrenos são duma maneira geral e relativamente bons e produtivos, a divisão da propriedade favorece o seu aproveitamento e cultivo, e, por isso, cremos que a agricultura é ainda hoje a sua principal fonte de riqueza, sobretudo com base nos produtos da oliveira e da figueira.

Mas também aqui se começam a sentir os reflexos da grave e geral crise agrícola, cujas causas não apontamos, mas cujas consequências antevemos desastrosas, se, entretanto, se não descobrirem os remédios para a debelar.

Os lavradores queixam-se de que a mão de obra é cada vez mais cara e mais difícil de conseguir e que os produtos do campo cada vez compensam menos. Os trabalhadores rurais lamentam-se de que os seus salários são insuficientes e as suas regalias sociais ainda muito poucas. E todos têm razão. Mas esperemos por melhores dias.

Quanto à indústria, dá-se em Mouriscas um fenómeno parecido com o da agricultura. Aqui não existe a grande propriedade, e, por isso, não existem também os grandes ricos. A propriedade está muito dividida, quase todos têm o seu pedacinho de terra e, assim, é grande o número de remediados e muito pequeno, felizmente, o dos pobres. Também não existe aqui a grande indústria, a enriquecer poucos, mas muitas pequenas indústrias a ajudar muitos. Entre elas temos que distinguir a das seiras e capachos para lagares de azeite, a mais importante e que faz de Mouriscas o primeiro centro do Pais neste ramo de indústria. A seguir vêm as de cerâmica, de pirotecnia, mosaicos e produtos de cimentos e para só citarmos as maiores.

Como a maior parte destas indústrias, porém, utilizam quase só mão de obra feminina, os homens que se não querem resignar a «empobrecer alegremente» nos campos, buscam fora da terra e noutras ocupações sobretudo funcionalismo público, Caminhos de Ferro, construção civil, grandes fábricas, etc. os meios de vida mais compensadores. Como consequência a emigração aumenta e as nossas aldeias vão-se despovoando, lenta mas progressivamente, em benefício dos grandes centros. Mais um fenómenos dos nossos tempos para o qual parece não haver solução.