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MOURISCAS - TERRAS E GENTES

Criado em 2004 para falar de Mouriscas e das suas gentes. Muitos artigos foram transferidos doutro espaço. Podem ter desaparecido parágrafos ou espaços entre palavras, mas, em geral, os conteúdos serão legíveis e compreensíveis.

MOURISCAS - TERRAS E GENTES

Criado em 2004 para falar de Mouriscas e das suas gentes. Muitos artigos foram transferidos doutro espaço. Podem ter desaparecido parágrafos ou espaços entre palavras, mas, em geral, os conteúdos serão legíveis e compreensíveis.

Falar mourisquense (11)

24.04.07 | João Manuel Maia Alves
CHIA – Fanfarronice, lábia, conversa. (Ele tem muita chia; gostava era de o ver a trabalhar.)

DAR COM (ALGUMA COISA) EM BARREIRA – Resolver, solucionar. (É complicada esta avaria. Não sei se conseguiremos dar com isto em barreira.)

CARTACEGO – Que não consegue ver qualquer coisa. (Oh cartacego, não vês a tesoura mesmo debaixo das mãos?)

FOXE – Lanterna eléctrica. (Noutros tempos, antes da iluminação pública, um foxe era muito útil para andar de noite em Mouriscas. Antigamente uma das ambições dos miúdos era possuírem um foxe.)

NÃO DAR CARREIRA DIREITA – Não se portar bem. (Ele não dá carreira direita. Trabalha pouco e gasta tudo em bebida.)

DAR À CRENA – Fracassar. (Já se meteu em vários negócios mas tudo tem dado à crena.)

FIM DO MUNDO – Situação com muito mais gente ou movimento do que é habitual. (Quando a televisão chegou a Mouriscas, toda a gente queria ir ao Café do Jorge ver a “máquina que representava”. Foi o fim do mundo!)

DESACOMODO – O mesmo que FIM DO MUNDO com o significado anterior. (Quando a Yola veio às festas do verão, mal cabiam no Largo das Ferrarias todas as pessoas que queriam ver actuar essa bailarina espanhola. Era um desacomodo nas Ferrarias!)

BOCHA – Palavra usada para chamar um cão. (Bocha, bocha, bocha! Anda cá bocha.) Cão, falando com crianças. (Faz um festinha ao bocha.)

TESTÓ – Palavra usada para enxotar um cão. (Testó! Sai daqui cão!). Também usada para indicar rejeição duma proposta ou atitude. Equivalente mais ou menos a “dar para trás”. Aliás, muitas vezes a palavra “testó” usada neste sentido é acompanhada dum movimento para trás da mão. (Queria que lhe emprestasse dinheiro e pagava só para o ano. Testó!)

ATÉ DEPOIS – Até uma data posterior, até mais ver, até à próxima, adeus. (Estimei vê-lo com saúde. Até depois.)

ENGARNAIS – Muita gente da parte de cima de Mouriscas designa por Engarnais a parte de baixo. Em geral as pessoas da parte de baixo chamam Engarnais ao lugar de Engarnais Cimeiros. Na parte de baixo, além dos Engarnais Cimeiros existem os Engarnais Fundeiros. Complicado? Coisas duma terra extensa e dispersa por muitos lugares.

SER MAL-AMIGO (A) DE – Não gostar de, não apreciar. (Sou mal-amiga de comeres de carne.)

SER COMO O CÃO DO MANEL DA ESTALAGEM, SER PIOR QUE O CÃO DO MANEL DA ESTALAGEM – Ser corrécio, vadio. Contava-se que o cão do Manel da Estalagem foi visto na mesma noite em Mouriscas e em Castelo Branco. (Ele não faltava em nenhum baile ou festa; era pior que o cão do Manel da Estalagem.)

ESQUENTAR – Não dar confiança a, manter afastado (a), enxotar. (Esquenta essa fulana; só cá vem para a calhandrice.)


João Manuel Maia Alves

Regina Louro

12.04.07 | João Manuel Maia Alves
regina_louro.JPGDedicamos este artigo a uma mourisquense que se tem distinguido no campo literário e jornalístico. É com prazer que damos a conhecer um pouco do rico currículo desta ilustre filha de Mouriscas. O nome completo da nossa biografada é Maria Regina da Silva Louro. É conhecida como Regina Louro. Regina Louro nasceu em 19 de Janeiro de 1948, no Casal das Ferrarias, da freguesia de Mouriscas. Foram seus pais António Lopes Louro e Cecília de Jesus. Tem quatro irmãos vivos.Depois de tirar o antigo 5º ano dos liceus no extinto Colégio Infante de Sagres, em Mouriscas, partiu para a capital. Em Lisboa fez o 7º ano dos liceus e frequentou a Faculdade de Direito, tendo abandonado o curso, no último ano, para se dedicar à actividade jornalística.Entre os anos setenta e noventa viajou frequentemente pelo estrangeiro, tendo feito estadias prolongadas, por motivos de trabalho, em Macau, na Guiné-Bissau e em Cabo Verde. Regina Louro é jornalista com carteira profissional, escritora inscrita na Associação Portuguesa de Escritores, tradutora e crítica literária. São estas as quatro facetas principais do seu percurso profissional. Como jornalista, trabalhou em várias publicações portuguesas, das quais se destacam as revistas «R&T», «Flama» e «Raiz & Utopia» e os jornais «Diário de Lisboa», «Jornal de Letras», "Expresso" e "Público". Também passou por jornais das ex-colónias, como a Guiné-Bissau e Macau. Escreveu dezenas de reportagens e de artigos sobre os mais variados temas, para os jornais «Expresso" e "Público". Alguns desses artigos poderão ser encontrados na Internet, onde também será possível obter mais alguma informação sobre a sua intervenção profissional. Ultimamente, exerce a sua actividade em regime de «free-lancer». Como escritora, é autora das seguintes obras:Novas Bárbaras - 1979 - Editora Assírio & Alvim; em colaboração com Miguel Serras Pereira;País de Lesbos - 1981 - A Regra do Jogo, Edições;Apocalipse - 1982 - Fenda Edições;Sapos Vivos e Outros Monstros - 1984 - Relógio d´Agua Editores;Objectos Sexuais no Espaço - 1985 - Edições Rolim;Que Pena Ela Não Se Chamar Maria - 1985 - Relógio d´Agua Editores;Baixo Alentejo - 1989 - Mobil Oil Portuguesa;À Sombra das Altas Torres do Bugio - 1994 - Relógio d´Agua Editores;Faróis de Portugal - 1995 - Editora Gradiva; com fotografias de João Francisco Vilhena;Termas Portuguesas - Edições Inapa; sobre fotografias de Clara Azevedo e Lúcia Vasconcelos. "Que Pena Ela Não Se Chamar Maria" e "À Sombra das Altas Torres do Bugio" são romances que se interligam pelo ambiente e pelas personagens. Num estilo burlesco, a própria escritora intervém na acção dialogando com algumas das personagens.Regina Louro traduziu e continua a traduzir para português vários autores estrangeiros, com destaque para as seguintes obras: «O Livro por Vir» - 1984; Autor: Maurice Blanchot; Relógio d’Água;«O Império do Efémero» - 1986; Autor: Gilles Lipovetsky; Publicações Dom Quixote;«O Sacrifício da Borboleta» - 1998; Autor: Andrea H. Japp; Editorial Presença;«A Luz da Noite» - 2000; Autor: Pietro Citati; Editorial Presença;«O Leopardo ao Sol» - 2002; Autora: Laura Restrepo; Editorial Presença;«Superadas» - 2003 -; Autora: Maitena; Editorial Presença;«O Calígrafo de Voltaire» - 2005; Autor: Pablo de Santis; Temas e Debates;«O Bom Servidor» - 2005; Autora: Carmen Posadas; Temas e Debates;«A Mulher Que Viveu por Um Sonho» - 2006; Autora: Maria Rosa Cutrufelli; Editorial Presença.Colabora com o Círculo de Leitores, que, ao completar os seus vinte anos, convidou treze autores portugueses a escrever a grande obra "Um Olhar Português" (são co-autores deste livro, pela ordem de intervenção no mesmo, os seguintes escritores: Maria Regina Louro, Francisco José Viegas, Mário Cláudio, Fernando Dacosta, Eugénio de Andrade, Fernando Assis Pacheco, Hélia Correia, José Cardoso Pires, Mário Ventura, Al Berto, Lídia Jorge, José Viale Moutinho e João de Melo).Como crítica literária, além de uma intervenção contínua na imprensa escrita, colaborou em vários programas culturais da RTP-2.