Orlando Dias Agudo
Orlando Dias Agudo é um mourisquense com uma brilha6nte e longa carreira na comunicação social. Das pessoas nascidas em Mouriscas é, com certeza, a que mais conhecida se tornou. Natural é, portanto, que lhe dediquemos um artigo.
Orlando Dias Agudo nasceu em Mouriscas, no lugar de Ferrarias, em 16 de Junho de 1938. Foram seus pais Leonel Dias Agudo, ferroviário, e Maria de Matos Roldão, doméstica, sendo o terceiro de quatro irmãos que revelaram notáveis capacidades. Fez a sua escola primária em Lisboa até à 3.ª classe, tendo depois ingressado no Colégio Infante de Sagres, em Mouriscas, onde o Professor Matias Lopes Raposo o “obrigou” a entender bem a língua portuguesa. Ele refere, quando instado a comentar o que foi que aprendeu no Colégio de Mouriscas, que quando ali começou o ano dava regularmente quarenta ou mais erros nos ditados. Depois das férias do Natal raramente cometia um. Fez o exame da 4.ª classe em Abrantes e a admissão aos liceus já em Lisboa. Foi aluno dos liceus D. João de Castro e Gil Vicente, em Lisboa
O falecido jornalista desportivo Carlos Pinhão dizia que na sua escola havia os alunos bons em contas e os que eram bons em redacções. Orlando Dias Agudo pertencia a esta última categoria. O seu gosto pela escrita iria abrir-lhe a porta do jornalismo. No liceu, o seu professor de educação física, conhecedor da sua aptidão e gosto pela escrita, perguntou-lhe se queria colaborar com o jornal desportivo Record, então trissemanário e hoje diário. Orlando Dias Agudo aceitou. Então o professor estabeleceu contacto com o director do Record, Fernando Ferreira e, assim, se iniciou Orlando Dias Agudo nas lides jornalísticas.
No Record Orlando Dias Agudo começou por fazer a cobertura das actividades desportivas da Mocidade Portuguesa, dessa maneira aliviando o fardo de Guita Júnior, jornalista do jornal que tinha a seu cargo várias modalidades desportivas. O editor do jornal era José Monteiro Poças, um dos fundadores e mais tarde director do Record. Ele apreciava o trabalho de Orlando Dias Agudo e, por isso, começou a atribuir-lhe outros serviços, que o nosso biografado cumpria a rigor só para ver o seu nome impresso no corpo do jornal.
Vejamos agora como a rádio entrou na vida da Orlando Dias Agudo para lhe proporcionar um enorme sucesso e para o tornar uma figura de projecção nacional.
Nos anos 40, 50 e 60 do século passado a rádio desempenhava um papel muito importante na vida das pessoas que tinham o que, muitas vezes, se chamava uma telefonia. Não era o caso de muitos em Mouriscas, onde a electricidade chegou já depois de 1956. Mas os pais de Orlando Dias Agudo viviam em Lisboa, onde o pai era ferroviário, e tinham um rádio, em que Orlando Dias Agudo ouvia os programas, os artistas e os locutores da sua preferência. Assim, nasceu o gosto de Orlando Dias Agudo pela rádio. Nesses tempos os locutores de rádio gozavam de grande popularidade.
Existiu em Portugal uma estação de rádio que formou grandes profissionais, que singraram depois noutras estações. O seu nome era Rádio Universidade. Transmitia à volta de uma hora por dia na frequência do que é agora a Antena 2 da Radiodifusão Portuguesa, aumentando o tempo de emissão ao fim de semana. Na Rádio Universidade Orlando Dias Agudo adquiriu muitos conhecimentos e alguns “segredos” desse meio de comunicação que é a rádio.
Nos anos 50 ia para o ar, através das ondas do Rádio Clube Português, um programa que marcou uma época no panorama radiofónico português. Era o Talismã, do produtor independente Gilberto Cotta. Talismã, o programa que fica no tempo que passa era o slogan do programa. O Rádio Clube Português era uma estação privada com emissões que chegavam a quase todo o país.
Gilberto Cotta convidou Orlando Dias Agudo para seu assistente de produção. Aceitou e, assim, iniciou a sua segunda experiência na rádio, sem deixar de escrever para o Record. Mais tarde o Rádio Clube Português convidou Orlando Dias Agudo para fazer parte dos seus quadros, também como assistente de produção.
Orlando Dias Agudo permaneceu vários anos do Rádio Clube Português. O seu nome e a sua excelente voz tornaram-se conhecidos em todo o país.
Depois do jornalismo e da rádio, a televisão haveria de entrar na vida de Orlando Dias Agudo. Isso aconteceu pela mão do falecido e saudoso Adriano Cerqueira, que convidou Orlando Dias Agudo para a sua equipa na RTP, mas para isso teria de deixar a rádio. Orlando Dias Agudo aceitou sem hesitar e, assim, começou uma carreira televisiva de vários anos.
Na RTP Orlando Dias Agudo fez de tudo um pouco, desde repórter a editor, passando por apresentador de quase todos os programas desportivos. A sua projecção tornou-se ainda maior.
Orlando Dias Agudo teve uma carreira brilhante, cheia de encanto e aventura, com muitas viagens, repleta de êxitos. Tornou-se conhecido e apreciado. Proporcionou momentos de prazer a milhões de pessoas. Atingiu uma notoriedade só ao alcance das grandes vedetas. Merece, por isso, que seja recordada ou conhecida, mesmo que em traços gerais, a sua carreira.
Orlando Dias Agudo sempre manteve uma forte ligação a Mouriscas, sua terra natal, onde passa bastante tempo. Muita gente ainda se lembrará da sua participação na apresentação de famosos artistas nos grandiosos festejos de verão dos anos 50 e 60. Essa é outra razão para esta homenagem.