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MOURISCAS - TERRAS E GENTES

Criado em 2004 para falar de Mouriscas e das suas gentes. Muitos artigos foram transferidos doutro espaço. Podem ter desaparecido parágrafos ou espaços entre palavras, mas, em geral, os conteúdos serão legíveis e compreensíveis.

MOURISCAS - TERRAS E GENTES

Criado em 2004 para falar de Mouriscas e das suas gentes. Muitos artigos foram transferidos doutro espaço. Podem ter desaparecido parágrafos ou espaços entre palavras, mas, em geral, os conteúdos serão legíveis e compreensíveis.

Prof. Fernando Roldão Dias Agudo

20.11.05 | João Manuel Maia Alves
DiasAgudo.jpgNo dia 4 de Outubro do corrente ano de 2005, véspera do Dia da Implantação da República e do Dia Mundial do Professor, o Presidente da República condecorou com a Grã-Cruz da Ordem de Instrução Pública o ilustre mourisquense Prof. Fernando Roldão Dias Agudo.Este blogue dedicado às gentes e coisas de Mouriscas congratula-se, naturalmente, com a distinção concedida pelo Chefe do Estado ao Prof. Dias Agudo.Como homenagem a este ilustre filho de Mouriscas no mês em que completa oitenta anos, damos a seguir algumas notas biográficas do Prof. Dias Agudo.O Prof. Fernando Roldão Dias Agudo nasceu em Mouriscas, no lugar de Ferrarias, sendo o mais velho de quatro irmãos. Foram seus pais Leonel Dias Agudo, ferroviário e Maria de Matos Roldão, doméstica.Até aos dez anos viveu entre Mouriscas e Alferrarede, onde o pai desempenhava a sua profissão. Fez os seus estudos primários nesta última localidade durante os três primeiros anos e a quarta classe na terra natal com o distinto professor Matias Lopes Raposo, também dali natural.Desde muito cedo desenvolveu o gosto pela matemática. Com apenas cinco anos já lia os números com cinco algarismos dos vagões dos comboios de mercadorias. Em casa aprendeu a ler com a mãe as notícias do jornal “O Século”, um órgão da imprensa infelizmente já extinto. Em 1936, a viver no Entroncamento, vai estudar para Santarém, onde veio a terminar o curso geral dos liceus e o curso complementar de ciências, ambos com 20 valores. Em 1943 entra para a Faculdade de Ciências de Lisboa onde concluiu a licenciatura em Ciências Matemáticas com 18 valores. Tirou também o curso de Engenharia Civil no Instituto Superior Técnico com a classificação de 17 valores. Em 1955 fez o doutoramento em Ciências Matemáticas e dez anos depois foi-lhe concedido o título de Professor Agregado de Matemática Pura.Foi premiado e galardoado várias vezes. Deu aulas como assistente e professor em várias Universidades do país e leccionou também entre 1970 e1972 na Universidade de Lourenço Marques. Distinguiu-se pelos trabalhos e contributos que deixou em álgebra linear e geometria analítica e em operadores diferenciais lineares. Beneficiando de uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, foi investigador visitante em Berkeley, nos Estados Unidos, em 1957 e1958. Dos seus estudos Dias Agudo destaca como principal trabalho de investigação os “operadores diferenciais não auto-adjuntos”. Publicou livros de Cálculo Diferencial e Integral , Equações Diferenciais, Álgebra Linear e Geometria Analítica, além de muitos artigos sobre estas matérias e outros de política científica, alguns para o Conselho da Europa.Foi Director da Faculdade de Ciências de Lisboa, Presidente da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica e do Instituto Nacional de Investigação Científica, membro da Comissão Executiva da Fundação Europeia da Ciência, da Associação de Academias Europeias e do Comité de Finanças do Conselho Internacional das Uniões Científicas. É sócio efectivo da Academia das Ciências, onde apresentou várias comunicações, e membro das Academias de Nova York e Scientiarum et Artium Europaea e de outras sociedades científicas nacionais e estrangeiras.Hoje jubilado, o Prof. Dias Agudo dedica a maior parte do seu tempo à família, mas a matemática continua a merecer a sua atenção. Vai com frequência à Academia das Ciências de Lisboa, onde acompanha uma edição das obras do matemático Pedro Nunes.O Prof. Fernando Dias Agudo manteve sempre uma forte ligação a Mouriscas, terra que ao longo da vida tem frequentemente visitado e onde tem passado longas temporadas, o que constitui mais um motivo para esta homenagem.Artigo escrito com base em elementos fornecidos pelo Prof. Fernando Dias Agudo e em informações recolhidas da Internet com relevo para “2010 – Magazine de Ciência e Tecnologia”.

Anexos (1)

14.11.05 | João Manuel Maia Alves
Quem hoje constrói uma casa em Mouriscas pode pensar em dotá-la de alguns anexos. Alguns, mais ricos construirão uma piscina. Muitos não passarão sem uma garagem. Uma grande maioria não dispensará um forno e um local e equipamento para grelhar carne.

Em décadas passadas os anexos considerados importantes, indispensáveis mesmo, eram de outro tipo. Nem todas as habitações tinham as instalações anexas que vamos recordar, mas as que descrevemos encontravam-se com muita frequência.

A pocilga ou cerca do porco era um anexo muito comum. A pocilga era coberta total ou parcialmente por um telhado. Tinha um cubículo com uma entrada estreita aonde o animal podia recolher para dormir. Um chifre de carneiro e uma tosca cruz de madeira não faltavam. Tinham a função de afastar o mau olhado e outras influências maléficas. Por vezes era caiada uma cruz numa parede da cerca. Outras vezes havia um reboco em forma de cruz.

A comida do porco era despejada num “masseirão” – penso que será esta a ortografia mais apropriada – uma grande pedra onde se tinha esculpido uma cavidade. Não havia equipamento para lavar a pocilga ou o porco. Aliás, em geral, a água tinha de ser transportada de poços ou fontes, o que limitava o seu uso. Por isso, a cerca do porco era um sítio bem imundo, o que não incomodava o bicho, porco de nome e de hábitos, nem prejudicava a razão da sua criação, já que só se sujava por fora.

A capoeira das aves era outro anexo muito comum. Destinava-se em geral a galinhas, pelo que em geral recebia o nome de capoeira das galinhas. Às vezes também hospedava patos e perus.

Em geral, a capoeira das galinhas tinha uma porta, que era fechada depois de as aves se recolherem, coisa que elas faziam quando o sol se punha. Essa porta servia de protecção, nem sempre eficaz, contra certos animais como os ginetos que são apreciadores de carne de galinha, a qual obtêm de noite atacando e matando as suas vítimas.

As capoeiras de galinhas tinham em geral um cubículo onde as aves dormiam. As galinhas dormiam nuns poleiros, umas varas colocadas acima do chão onde as aves assentavam as patas. Mesmo durante o sono apertavam os poleiros com força e, por isso, não caíam.

Quando se diz que alguém quer é poleiro, não se pretende dizer que tal pessoa deseja pousar sobre um poleiro dentro duma capoeira. “Poleiro” também significa “posição elevada, de mando, de autoridade”.

Ao contrário de muitos passarões, as humildes galinhas só queriam um poleiro para passar a noite. A posição física elevada dos poleiros dentro das gaiolas e das capoeiras deve ter levado ao sentido figurado da palavra “poleiro”.

Continuaremos a examinar esta questão dos anexos das casas em Mouriscas em épocas passadas.

João Manuel Maia Alves

Santanas (5)

08.11.05 | João Manuel Maia Alves
Continuemos com a história dos “Santanas com origem em Mouriscas”, descendentes de António Ferreira Sant´Anna, nascido em 27 de Julho de 1789, em Alagoa, freguesia do concelho de Portalegre.

Enumeramos nestes artigos os sucessores de António Ferreira Sant´Anna até à quarta geração (trinetos). Deste modo, as pessoas que são seus descendentes podem aqui reconhecer se o são e como o são.

Descrevemos em artigo anterior as gerações sequentes dos filhos Severino, Luiza e Joaquim.

Além destes houve mais seis filhos. Neste artigo damos atenção aos descendentes de Maria, Teresa e João.

----Geração dos Filhos----

----Maria Lopes----

Nascida em 1827. Não sobreviveu.

----Geração dos Filhos----

----Teresa Lopes----

Nasceu em 20 de Março de 1831. Casou com João Delgado (Pita).

----Geração dos Netos----

Tiveram sete filhos: Maria Tereza (?), Luiza (12.04.1860), José (03.01.1862), Helena (24.01.1864), António (28.01.1866), Francisco (18.06.1868) e Salustiniano (14.03.1872).

----Geração dos Bisnetos----

Maria Tereza casou com José Esteves (Lameira) e tiveram quatro filhos: Augusto Esteves Lameira (09.10.1879), Leonel Esteves Lameira (13.03.1882), Virgínia,
Tereza (05.12.1883) e Tereza Lopes (05.10.1886).

----Geração dos Trinetos----

Augusto Esteves Lameira faleceu solteiro.

Leonel Esteves Lameira casou com Ludovina de Oliveira. Teve filhos na Carreira e nas Ferrarias que foram: Joaquim (21.11.1901), que morreu solteiro, Primo (25.02.1904), que foi viver para Borba, João ((01.07.1906), que morreu atropelado pelo comboio, Lúcia (01.11.1910), que casou nas Varandas com António Serras (Barulho), Francisco (?), que casou com Gracinda Maia e Abílio (?), que casou com Maria José Pita no Pinheiro.

Virgínia Tereza casou com Joaquim de Matos Morgado. Famosa como parteira. Tiveram os seguintes filhos, no Vimieiro: João, que casou em Alferrarede com Celeste Marques, do Penhascoso, Leonel (29.04.1905), que casou com Adilia de Matos (Santana), Maria Tereza (21.03.1908), que casou com Aurélio Serras (Barulho), José, que casou com Eugénia Milho nos Valhascos, Manuel, que casou com Maria José Lúcia (Tempera) e António, que casou com Martinha Horta.

Tereza casou com Manuel Motas nas Ferrarias. Tiveram os seguintes filhos: Abílio, que faleceu novo, Joaquim, que casou no Entroncamento com Maria Pires (Farinheira), Reinaldo, que foi casado nos Mocegais com Celeste de Matos Leitão, Cremilde, que vive no Entroncamento e Leonel, casado em Lisboa com Jacinta, filha do João do Casal.

----Geração dos Bisnetos----

A Luiza casou com Manuel Gonçalves Brás para o Tojal. Tiveram os seguintes filhos: Maria (27.11.1887), João (19.06.1889), José (28.06.1891), Joaquim (19.09.1892), Martinho (07.07.1895), António (12.07.1897) e Elisa (28.04.1899).

----Geração dos Trinetos----

A Maria casou com António Ambrósio para o Tojal e tiveram os seguintes filhos: .Maria José, solteira, Possidónio, que casou com Maria Ferreira, Patrocínia, que casou com Manuel Loureiro, Laurinda, que casou no Rossio ao Sul do Tejo, José, que casou em Alcanhões com Lina e Leonel, solteiro.

O João Gonçalves Brás, casou na Bogalhinha com Delfina Esteves, e tiveram os seguintes filhos: Celestino Brás, casado na Bogalhinha com Maria José, António Gonçalves Brás, Maria Augusta, casada com Ivo Delgado Bento e Amélia, casada com Oliver Cadete.

O José Gonçalves Brás casou com Maria Dias Raposeira no Vimieiro. Tiveram os seguintes filhos. Julieta, solteira, cozinheira, Deolinda, casada com Arménio Morgado e
Ludovina, solteira.

O Joaquim, o Martinho e o António Gonçalves Brás faleceram sem filhos.

A Elisa casou com Manuel Emídio no Tojal e tiveram as seguintes filhas: Olívia, que casou com Armindo Azedo e Albertina, solteira.

----Geração dos Bisnetos----

O José Delgado Pita casou com Ludovina de Matos na Carreira e tiveram três filhos: Abílio Delgado Pita (26.05.1890), Ermelinda de Matos (03.02.1892) e Maria de Matos (26.04.1897).

----Geração dos Trinetos----

O Abílio Delgado Pita (Professor Abílio) casou com Elvira Neves Duarte no Casal da Igreja e tiveram uma filha chamada Leonilde, que casou com João Cordeiro Valente.

A Ermelinda de Matos casou no Casal da Igreja com Jacob Andrade Largo e tiveram um filho chamado José.

A Maria casou com António Marques Sabino nas Casas Novas. Tiveram as seguintes filhas: Edite, que casou com Izidoro Marques Margarido, Susana que casou com Horácio Marques de Matos e Alice, que casou com José Rosa Gonçalves Pedro.

----Geração dos Bisnetos----

Helena Lopes não teve filhos.

----Geração dos Bisnetos----

O António Delgado Pita casou com Francisca Lopes nas Casas Novas e tiveram quatro filhos: Ermelinda (24.04.1901), Justina Maria (14.071903), Maria (17.01.1906) e Florinda (22.071908).

----Geração dos Trinetos----

A Ermelinda e Justina Maria casaram, sucessivamente, com Joaquim Batista, não tendo tido filhos.

A Maria casou com António Certainho, sem filhos.

A Florinda faleceu solteira.

----Geração dos Bisnetos----

Francisco Delgado Pita era deficiente mental.

----Geração dos Bisnetos----

Salustiniano Delgado Pita casou com Justina Maria Ribeiro em Abrantes e tiveram nove filhos: Capitulina, José, Maria, Virgínia, Manuel, Salustiniano, Justina, Gertrudes e Augusto.

----Geração dos Trinetos----

A Capitulina Ribeiro Santana casou na Estalagem com José Rodrigues (Tropa) , sem filhos.

O José Ribeiro Santana casou com Estrela Vassalo Figueiredo em Pegões. Tem um filho chamado Custódio e outro chamado Salusteriano

A Maria Ribeiro Santana casou em Abrantes com Joaquim Paulino. Tiveram os seguintes filhos: Maria da Luz, casada com Jerónimo Rodrigues Batista, Virgínia de Lurdes, casada com Fernando José do Rosário Lopes, José, que faleceu solteiro e
Justina Tereza, casada com Agripino Mesquita Beirão.

Virgínia Ribeiro Santana faleceu solteira.

Manuel Ribeiro Santana casou com Ermelinda em Vendas Novas e tiveram os seguintes filhos: Custódio e Manuel Salusteriano Ribeiro Santana, solteiro

Justina Ribeiro Santana casou em Sangalhos com Leonel Silva Castro Sereno. Não tiveram filhos.

Gertrudes Ribeiro Santana casou em Sangalhos com Alexandre Marcos. Tem uma filha: Maria José, casada com Albino Arribança.

Augusto Ribeiro Santana casou em Évora com Dulce. Têm uma filha: Dulce

----Geração dos Filhos----

---- João Ferreira Sant´Anna----

Nasceu em 21 de Janeiro de 1835. Casou com Rosaria Delgado para as Casas Novas.

----Geração dos Netos----

Tiveram seis filhos: Ludovina (?), Luiza (03.08.1861), José (18.07.1865), João(27.07.1867), Maria (09.01.1870) e Cristina (26.06.1873)

----Geração dos Bisnetos----

A Ludovina Delgada casou com Severino Diniz, nas Casas Novas, e tiveram quatro filhas: Elisa (19.01.1883), Maria Luiza (15.06.1885), Maria da Luz (02.05.1887) e
Ausenda (01.11.1891)

----Geração dos Trinetos----

A Elisa Delgada casou com Francisco Filipe no Carril. Teve cinco filhos que foram: Maria (03.09.1901), Afonso (04.02.1904), João (14.04.1906), Apolinário ( 12.06.1908)
e António (26.01.1911)

A Maria Luiza Delgada casou com António Marques Fernandes (Terrina). Teve cinco filhos que foram: Adelaide (18.01.1904), que casou com António Augusto no Carregal do Sal, Epifânio (10.10.1906), que faleceu solteiro, Henriqueta (10.09.1908), que casou com Luís dos Santos, Henrique (31.01.1911), que casou com Maria Luísa e Conceição ( ?? ) que casou com José Pereira e faleceu em África.

A Maria da Luz Delgada casou com Rosendo Serras para a Lomba Cimeira. Teve seis filhos que foram: Amélia (03.09.1901), casada com Domingos Gonçalves, Teresa (27.05.1909), que casou com Severino do Espinheiro, André (?) que casou com Elisa, Henrique (?), que casou no Pego, Eduardo (?) e Severino.

A Ausenda Delgada casou com Norberto Nunes para as Casas Novas. Teve um filho:
Diamantino Nunes (?), que casou com Maria José Fernandes.

----Geração dos Bisnetos----

A Luisa Delgada casou com José Lourenço Rosa, tendo filhos na Carreira e nas Casas Novas: Natividade (27.05.1888), Afonso (08.07.1890), Herculano (10.07.1894),
José (17.07.1897) e Anthero (17.01.1901)

----Geração dos Trinetos----

A Natividade Delgado casou com Joaquim Lopes Raposo nas Casas Novas. Teve quatro filhos que foram: Artemisa (01.12.1909), que casou com Luís Rosa, Vitor Hugo, que casou com Elisa Carlota, Afonso, que casou com Evarinda Valente e Felismina Rosenda, Esperança, que casou com Ricardo Santana.

O Afonso Lourenço Rosa casou com Mariana nas Casas Novas. Teve uma filha:
Maria, que casou nos Valhascos com António Lourenço.

O Herculano Lourenço Rosa casou com Maria nos Engarnais Fundeiros. Teve quatro filhos: Luís, Cremildo, casado com Clemência Rego, Abilio, que casou com Susete Valente e Amilcar, casado com Teresa nos Cascalhos.

O José Lourenço Rosa foi para África desconhecendo-se mais elementos.

O Herculano Lourenço Rosa casou com Exaltina. Já considerado porque Exaltina era Santana.

----Geração dos Bisnetos----

O José Ferreira Santana e o João Ferreira Santana e a Maria Delgada não tiveram filhos registados em Mouriscas.

A Cristina Delgada casou com Luís Apolinário Mendes para as Casas Novas, tendo tido dois filhos: Maria (02.06.1900) e António (15.09.1902).

----Geração dos Trinetos----

A Maria Delgado casou com António Marcelino nas Casas Novas. Teve cinco filhos que foram: Castro, que casou para o Pego com Clementina Clemente, Ângelo, que casou com Maria José Serras, Carlos, que casou com Maria Augusta Veríssimo, Hortelinda, que casou com João Leitão (João da Ponte) e Arménia que casou com António Serras.

O António não deve ter tido descendência.

(Continua e conclui no próximo número)

Este artigo foi escrito por Augusto Maia Alves, descendente em sexto grau de António Ferreira Sant’ Anna.

Antroponímia mourisquense (7)

03.11.05 | João Manuel Maia Alves
Neste artigo o autor, Carlos Lopes Bento, continua e termina uma série de artigos dedicados à antroponímia mourisquense entre 1860 e 1910. No fim lança um desafio. Oxalá enconte eco.

Passaremos, de seguida, a conhecer os locais de nascimento das crianças baptizadas na freguesia de Mouriscas (por ordem alfabética) e respectivos de registos efectivados, entre os anos de 1860 e 1910:

Aldeias: 8; Anselmo: 3; Apeadeiro: 3; Azenha Nova: 6; Barca: 6; Barca de Bandos: 4;
Bexiga: 2; Bica da Pedra: 5; Cabrais: 68; Camarrão: 203; Canenhos:11; Cardal: 8;
Carreira: 153; Carril: 78; Casalão: 21; Casal da Figueira: 17; Casal da Foz: 1; Casal das
Freiras: 5; Casal da Milha: 1; Casal da Neta: 48; Casal dos Castanhos: 11; Casal dos
Cordeiros: 38; Casal dos Lousos: 26; Casal dos Vares: 63; Casal Fundeiro: 11; Casal
Pita: 96; Casas Novas: 122; Casas Pretas: 90; Cascalhos: 75; Castelo: 34; Charoeiros:
59; Cova de Madeiro: 28; Colmeada/Cumeada: 10; Engarnais Cimeiros: 244;
Engarnais Fundeiros: 123; Entre Serras: 176; Escorrega: 1; Ferrarias: 308; Fonte Sapo: 5; Igreja: 243; Lercas: 135; Lomba Cimeira: 81; Lomba Fundeira: 28; Mendavão: 8; Monte Novo: 25; Murteira: 35; Outeirinho: 52; Outeiro Cimeiro: 63; Outeiro Fundeiro: 11; Ponte: 4; Portela: 16; Raposeira: 7; Rio Frio: 2; São Gabriel: 11; Sourões: 79; Surdo: 51; Tejo: 9; Telheiros: 2; Tojal: 49; Vale: 28; Vale Covo: 15; Vale da Fontinha: 13; Vale do Esteio: 50; Várzea: 54; Venda: 50; Vimieiro: 143.

Destes cerca de 70 lugares habitados alguns deles apresentam-se com a designação de «casal» (*) ou seja um pequeno povoado, inicialmente, constituído por uma família,
que construiu habitação em propriedade própria, geralmente, de pequena dimensão. Depois, em propriedades próximas, outras famílias foram aumentado o lugarejo com a edificação de outras casas:

(*) Segundo os dicionaristas «casal» tem varias significações: Pequeno povoado; lugarejo; aldeola; granja; herdade; conjunto das propriedades de uma família; conjunto de pequenas propriedades rústicas; par composto de macho e fêmea; marido e mulher;
Prov., pequena propriedade cercada, a pequena distância da residência do dono.

Do conjunto de locais de nascimento acima referenciado verifica-se existirem, entre 1860 e 1910:

1 LUGARES/CASAIS COM MAIS DE 300 REGISTOS

Ferrarias: 308;

3 LUGARES/CASAIS COM O NÚMERO DE REGISTO ENTRE 249 e 200

Engarnais Cimeiros: 244; Igreja: 243; Camarrão: 203;

2 LUGARES/CASAIS COM O NÚMERO DE REGISTO ENTRE 199 e 150

Entre Serras: 176; Carreira: 153;

4 LUGARES/CASAIS COM O NÚMERO DE REGISTO ENTRE 149 e 100

Vimiero: 143; Lercas: 135; Engarnais Fundeiros: 123; Casas Novas: 122.

14 LUGARES/CASAIS COM O NÚMERO DE REGISTO ENTRE 99 E 50

Casal Pita: 96; Casas Pretas: 90; Lomba Cimeira: 81; Sourões: 79; Carril: 78; Cascalhos: 75; Casal dos Vares: 63; Cabrais: 68; Outeiro Cimeiro: 63; Várzea: 54; Outeirinho: 52; Surdo: 51; Vale do Esteio: 50; Venda: 50.

21 LUGARES/CASAIS COM O NÚMERO DE REGISTO ENTRE 49 e 10

Tojal: 49; Casal da Neta: 48; Casal dos Cordeiros: 38; Murteira: 35; Castelo: 34; Cova de Madeiro: 28; Lomba Fundeira: 28; Vale: 28; Casal dos Lousos: 26; Monte Novo: 25; Casalão: 21; Portela: 16; Casal da Figueira: 17; Vale Covo: 15; Vale da Fontinha: 13; Canenhos: 11; Casal dos Castanhos: 11; Casal Fundeiro: 11; Outeiro Fundeiro: 11; São Gabriel: 11; Colmeada/Cumeada: 10.

20 LUGARES/CASAIS COM MENOS DE 10 REGISTOS

Tejo: 9; Aldeias: 8; Cardal: 8; Mendavão: 8 Raposeira: 7; Azenha Nova: 6; Barca: 6; Bica da Pedra: 5; Casal da Foz: 1; Casal das Freiras: 5; Fonte Sapo: 5; Barca de Bandos: 4; Ponte: 4; Anselmo: 3; Apeadeiro: 3; Bexiga: 2; Rio Frio: 2; Telheiros: 2; Casal da Foz: 1; Casal da Milha: 1; Escorrega: 1.

Locais indicados nos registos não pertencentes à freguesia de Mouriscas: Ribeiro David, Faxeiros e Torres da Vargens.

O número de registos em cada lugar dá-nos uma ideia geral da distribuição espacial da população mourisquense, que, tal como hoje acontece, se repartia desigualmente pelo território da freguesia, dando origem a um povoamento rural, disperso e aglomerado.

Assim, de norte para sul, como lugares da freguesia mais povoados apresentavam-se:

No extremo norte da freguesia: Lercas: 135 e Entre Serras: 176;

No centro e centro oeste: Ferrarias: 308, o povoado com o maior número de registos; Igreja: 243; Carreira: 153 e Vimiero: 143.

No centro sul e extremo sul: Engarnais Cimeiros: 244; Camarrão: 203; Engarnais Fundeiros: 123 e Casas Novas: 122.

Locais do extremo sul, próximos da margem direita do Tejo(por ordem alfabética):

Apeadeiro: 3; Barca: 6; Barca de Bandos: 4; Bexiga; Canenhos: 11; Casal da Foz: 1; Casal das Freiras: 5; Casal dos Cordeiros: 38; Cascalhos: 75; Castelo: 34; Ponte: 4; Tejo: 9; Vale Covo: 15.

Distribuição de lugares a norte e a sul, tendo como divisória a Estrada Nacional que liga
Abrantes ao Mação e que atravessa a freguesia:

Parte Norte

Anselmo: 3; Bica da Pedra: 5; Cabrais: 68; Cardal: 8; Carreira: 153; Carril: 78; Casal da Neta: 48; Casal dos Castanhos: 11; Casal dos Lousos: 26; Casal dos Vares: 63; Casal Fundeiro: 11; Entre Serras: 176; Escorrega: 1; Ferrarias: 308; Lercas: 135; Lomba Cimeira: 81; Lomba Fundeira: 28; Mendavão: 8; Murteira: 35; Outeiro Cimeiro: 63; Portela: 16; Raposeira: 7; Sourões: 79; Tojal: 49; Vale da Fontinha: 13; Vale do Esteio: 50; Várzea: 54; Vimieiro: 143.

Repartidos pelos dois lados da dita Estrada:

Igreja: 243 e Venda: 50.

Parte Sul

Aldeias: 8; Apeadeiro: 3; Azenha Nova: 6; Barca: 6; Barca de Bandos: 4; Bexiga: 2; Camarrão: 203; Canenhos:11; Casalão: 21; Casal da Figueira: 17; Casal da Foz: 1; Casal das Freiras: 5; Casal da Milha: 1; Casal dos Cordeiros: 38; Casal Pita: 96; Casas Novas: 122; Casas Pretas: 90; Cascalhos: 75; Castelo: 34; Charoeiros: 59; Cova de Madeiro: 28; Colmeada/Cumeada: 10; Engarnais Cimeiros: 244; Engarnais Fundeiros: 123; Fonte Sapo: 5; Monte Novo: 25; Outeirinho: 52; Outeiro Fundeiro: 11; Ponte: 4; Rio Frio: 2; São Gabriel: 11; Surdo: 51; Tejo: 9; Telheiros: 2; Vale: 28; Vale Covo: 15.

Estes dados permitem-nos concluir existirem na parte sul da freguesia 36 lugares contra 28 da parte norte. Contudo é esta, aliás com maior área, que se apresentava com um mais significativo número de registos: 1660 para 1422. Nas duas áreas há a incluir os dois lugares que se distribuem pela parte norte e pela parte sul: Igreja: 243 e Venda: 50, verificando-se que na parte sul existe um maior povoamento.

Locais próximos da margem direita da Ribeira do Rio Frio(por ordem alfabética):

Azenha Nova: 6; Cova de Madeiro: 28; Rio Frio: 2.

Locais próximos da margem esquerda da Ribeira da Arcês (por ordem alfabética):
Bexiga: 2; Bica da Pedra: 5; Escorrega:1; Anselmo: 3.

As margens do Tejo e das ribeiras que limitam a freguesia, pela sua agressividade física, constituíram factores de repulsão que não permitiram um povoamento intenso como seria de esperar. Com excepção do Casal dos Cordeiros, Cascalhos e Castelo, com solos vermelhos de excelente qualidade, onde houve uma razoável fixação demográfica, os restantes lugares referidos tiveram uma diminuta expressão populacional.

De realçar o aparecimento mais tardio de alguns lugares, mais próximos de 1910, a maioria sediados na parte sul da freguesia, cujos primeiros registos datam de:

1883- Casalão: 21;
1896- Casal da Foz: 1;
1897- Apeadeiro: 3;
1898- Bexiga: 2;
1898- Cardal: 8;
1898- Casal das Freiras: 5;
1899- Casal da Milha: 1;
1901- Rio Frio: 2;
1902- Telheiros: 2;

A maior parte deste lugares terão surgido com a construção da linha da Beira Baixa, inaugurada, entre Abrantes e Castelo Branco, em 5 de Setembro de 1894, estando alguns dos outros relacionados com a indústria artesanal da cerâmica e da moagem de cereais, em moinhos e azenhas.

No documento em análise que serviu de base à elaboração do presente trabalho sobre a antroponímia mourisquense, para além do nome, da data e local de nascimento da criança, dos nomes dos pais e avós paternos e maternos, está também disponível o nome dos padrinhos do baptismo. Uma breve análise mostra-nos que os pais convidavam para padrinhos dos seus filhos: os avós paternos ou maternos, os tios paternos ou maternos e amigos próximos, sendo, possível, segundo as conveniência, vários arranjos, com seja uma avô materno e uma avó paterna, uma avô e uma tia, ... .

A religiosidade cristã de muitas famílias é, frequentemente, manifestada pela escolha de Nossa Senhora do Rosário para madrinha: «Manuel Dias Trindade e Nossa Senhora do Rosário»; «Luis Alves Bento e Nossa Senhora do Rosário», »Manuel Alves e Nossa Senhora do Rosário», «avô paterno e Nossa Senhora do Rosário», ... .

Com a publicação do presente trabalho procurou saber-se, em relação a cada sexo, quais os nomes, sobrenomes e apelidos que foram dados e usaram os nossos ascendentes próximos(pais, avós, bisavós, ... ), conhecer a sua razão de ser e desvendar o significado de alguns deles e, ainda, quantas crianças nasceram por ano e em que lugares. Também foi referenciada a escolha dos padrinhos de baptismo, geralmente, familiares de sangue, e a substituição da madrinha pela Nossa Senhora do Rosário. Para, finalmente, ser referenciada a distribuição espacial da população de Mouriscas e indicados os lugares/casais de formação mais próxima de 1910.

Para conhecer as alterações verificadas na antroponímia mourisquense depois de 1910, que, serão muitíssimas, lanço aqui um desafio os meus conterrâneos mais jovens e não só, convidando-os a fazer pesquisa nos livros de registos de nascimento, nos dois períodos seguintes; 1911 a 1950, e 1951 a 2000, de modo a poderem comparar-se os resultados com os do presente estudo. Será um valioso contributo que prestarão a Mouriscas e às suas gentes, que as gerações vindouras muito apreciarão.

Referências Bibliográficas


Antroponímia Antiga e Moderna. Instituto de Camões, Centro Virtual Camões, 2001.

GUÉRIOS, Rosário Farâni Mansur, Nomes & Sobrenomes. S. Paulo, Editora Ave Maria, 1994.

LEITE DE VASCONCELHOS, José, Antroponímia Portuguesa. Tratado Comparativo da Origem, Significação, Classificação, e Vida do Conjunto dos Nomes Próprios, Sobrenomes, e Apelidos, Usados por Nós Desde a Idade Média até Hoje. Lisboa, Imprensa Nacional. 1928.

SITES DA NET

http://www.geocities.com/Broadway/Stage/7734/signif1.html

http://www.mulhervirtual.com.br/nomes/nomes.htm.

http://www.bn.com.br/~lavirod/nomes.htm


Texto da autoria de Carlos Bento.