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MOURISCAS - TERRAS E GENTES

Criado em 2004 para falar de Mouriscas e das suas gentes. Muitos artigos foram transferidos doutro espaço. Podem ter desaparecido parágrafos ou espaços entre palavras, mas, em geral, os conteúdos serão legíveis e compreensíveis.

MOURISCAS - TERRAS E GENTES

Criado em 2004 para falar de Mouriscas e das suas gentes. Muitos artigos foram transferidos doutro espaço. Podem ter desaparecido parágrafos ou espaços entre palavras, mas, em geral, os conteúdos serão legíveis e compreensíveis.

Manuel Raposeiro

26.05.05 | João Manuel Maia Alves

Foto-Manuel-Raposeiro.jpg

Manuel Raposeiro é um nome que muita gente associa a fotografia. Vamos dar algumas notas biográficas deste artista mourisquense.

Manuel Dias Serras Raposeiro - é este o seu nome completo - nasceu em 12 de setembro de 1945, no lugar do Casal dos Vares, da freguesia de Mouriscas, sendo filho de Lucina Maria e de Abílio Dias Raposeiro. Frequentou o Colégio Infante de Sagres, de Mouriscas, e o colégio do Sardoal, tendo completado o que noutros tempos se chamava o segundo ciclo ou quinto ano dos liceus.

Fez uma carreira profissional na atividade bancária, tendo trabalhado em Lisboa, Tomar e Mação. Está hoje aposentado e vive no Casal da Figueira, em Mouriscas.

O seu gosto pela fotografia vem dos anos 70 do século passado. Em 1971 adquiriu a primeira máquina fotográfica, a qual ainda usa nos seus trabalhos. A falta duma adequada formação em fotografia levou-o à leitura de publicações do assunto, pela qual adquiriu um grande gosto.

Foi só em 1981 que participou pela primeira vez num concurso. Em tão boa hora o fez que arrecadou um primeiro prémio para fotografia a cores. Tratou-se duma exposição integrada na Primeira Quinzena Cultural Bancária.

Participou depois, com caráter esporádico, noutros concursos, tendo obtido alguns prémios, nomeadamente:

- 1º Prémio a Cor no II Concurso de Fotografia do Grupo Desportivo e Recreativo do Hospital Distrital de Abrantes, em 1984;

- 3º Prémio a Cor no concurso "Fotografar Abrantes", iniciativa da câmara municipal de 1988;

- 2º prémio e uma menção honrosa no concurso "Vale do Tejo: Ter ou não ter ambiente", promovido em 1992 pela Associação de Municípios da Lezíria do Tejo";

- Menção honrosa em concurso promovido pela Yoplait;

- 1º Prémio a Cor em concurso promovido pela Freguesia de S. Vicente, do concelho de Abrantes, em 1994;

- Participação em vários concursos na Vila de Constância; embora não tenha obtido prémios, algumas das suas fotografias foram publicadas na edição da câmara municipal de 1988 intitulada "Nos rios de Constância, a faina, a fé e a festa";

- Exposição em 1996 com o tema "Mouriscas", na comemoração de meio século do "Grupo Desportivo e Recreativo Os Esparteiros", de Mouriscas;

- Participação em 1996 no concurso "O Vinho - Memória de Gerações, Fermento de Emoções", da Câmara Municipal do Cartaxo;

- Participação em 1997 no concurso de fotografia "Bom vinho, bom gosto, lábios de mosto", da Câmara Municipal do Cartaxo;

- Participação no concurso de fotografia "Photoparty - 1º Concurso de Fotografia de Abrantes", em 2002;

- Menção Honrosa no concurso de fotografia das Festas da Cidade de Abrantes em 2003;

- Participação no concurso de fotografia "Renascer do Verde Horizonte", da Câmara Municipal de Mação, realizado em 2004;

- 3º Prémio no concurso de fotografia da Junta de Freguesia de Mouriscas subordinado ao tema "Dia da Liberdade - 25 de Abril" e realizado em 2005.

Manuel Raposeiro não se limita à fotografia como forma de expressão artística. Também se dedica à pintura em vidro, tendo produzido obras de grande efeito visual que já pudemos observar em exposições realizadas em Mouriscas.

Manuel Raposeiro vai acrescentar uma nova realização ao seu brilhante palmarés. Em agosto será lançado o seu livro "Mouriscas Passo a Passo"”. Contém à roda de cento e vinte páginas e trezentas e cinquenta fotos. Aguardamos a saída desta obra com muito, muito interesse.

Desejamos que Manuel Raposeiro se mantenha em plena atividade. Mouriscas fez-se e faz-se de muitas coisas - de arte e artistas também.

Este artigo foi escrito por João Manuel Maia Alves com bases em notas, que se agradecem, fornecidas por Manuel Raposeiro

Santanas (4)

18.05.05 | João Manuel Maia Alves
Continuamos a história dos Santanas com origem em Mouriscas, descendentes de António Ferreira Sant’ Anna, nascido, como vimos, em 1789, em Alagoa, freguesia do concelho de Portalegre.

Neste e nos textos seguintes descrevem-se os sucessores de António Ferreira Sant´Anna até à quarta geração (trinetos). Deste modo as pessoas que são seus descendentes podem aqui reconhecer se o são e como o são.

Como António Ferreira Sant´Anna tinha bastantes bens, foi natural que os filhos fizessem bons casamentos ou tivessem boas formações. Houve das duas coisas.

----- Geração do Filhos -----

----- Severino Ferreira Sant´Anna -----

O quarto filho sobrevivo, Severino Ferreira Sant´Anna, estudou para sacerdote na Sertã e em Castelo Branco. Exerceu o sacerdócio em Alvega até 1903, ano em que ali falece. A sua memória perdurou em Alvega, com fama de grande orador e benemérito.Teve grande influência na vida de pessoas da família, como se verá.

----- Geração dos Filhos -----

----- Luiza Lopes -----

A primeira filha, Luiza Lopes, casou com José Lourenço Júnior, da Carreira.

----- Geração dos Netos -----

Tiveram dois filhos: Severino Lourenço Sant´Anna e Joaquim Lourenço Sant´Anna.

----- Geração dos Bisnetos -----

Severino Lourenço Sant´Anna (conhecido pelo Espanhol por ter fugido para Espanha) casou com Ludovina de Oliveira (que fica conhecida por Ludovina Espanhola), de quem era prima e também Sant´Anna, como veremos. Deste casamento nascem os seguintes filhos: Narciza (08.09.1875), Joaquim (10.04.1879), Casimiro (16.02.1883), Lucina (01.06.1886) e Joaquina (01.06.1892), os três primeiros na Carreira e a última no Vale.

----- Geração dos Trinetos -----

Só a última, Joaquina de Oliveira Sant´Anna casou, com Luís Dias Serras, para o Vale. Tiveram dois filhos: Manuel - que falece em Angola em 1964, sendo funcionário superior da Administração Pública e Maria da Luz, recentemente falecida (2003), que casou com António Lourenço Domingos.

----- Geração dos Bisnetos -----

Joaquim Lourenço Sant´Anna casa com Ana Dias na Concavada, não tendo sido possível, até à data, conhecer a sua descendência.

----- Geração dos Filhos -----

---- Joaquim Ferreira Sant´Anna -----

O segundo filho, Joaquim Ferreira Sant´Anna, casou com Luiza Lopes, natural da Concavada, também conhecida por Luiza Maria ou Luiza de Oliveira, ficando a viver junto dos pais dele, e justificando a ampliação da casa original.

----- Geração dos Netos -----

Tiveram os seguintes filhos : Severino (1849), que falece, Maria (1851), Mariana (1853), Ludovina (1855), Ermelinda (1857) e Narciza 02.09.1860).
Por doença, ambos os membros do casal morrem, com as filhas ainda menores.Pôs-se a questão de que fazer das cinco irmãs. Apesar de haver a ideia de as dividir pelos tios em geral, o tio padre Severino de Alvega alberga, cria, educa e casa as cinco sobrinhas.

----- Geração dos Bisnetos -----

A Maria, de Oliveira Sant´Anna, casa com Joaquim Lopes Maia Pita, para o Casal de S. António (casa que era dos pais). Do casamento nascem Severino Lopes Maia Pita (N-27.06.1873; F-01.09.1944) e Martinho Lopes Maia (N-03.08.1877; F-15.11.1963).

Ela morre aos 35 anos de idade com um volvo e ele, também morreu cedo, consta que devido a abuso da bebida. Assim se explica que só tivessem dois filhos.

----- Geração dos Trinetos -----

Martinho Lopes Maia segue o sacerdócio. Foi monsenhor, capelão militar e advogado e figura muito conhecida em Elvas, onde tinha um colégio particular.
Teve muita influência na vida alguns sobrinhos.

Severino Lopes Maia Pita casa, para o Casal da Figueira, com Maria Lopes.
Têm sete filhos: Manuel Agostinho(N-02.05.1895; F-16.11.1984), médico cirurgião em Abrantes, que casa com Leonilde dos Santos Morais; Maria José (19.03; F-03.03.1964), que casa com António Cordeiro Valente; Ermelinda (N-08.01.1899; F-19.08.1966), que casa com Jacinto Gonçalves; Eugénia (N-25.10.1901), que casa com Francisco Dias Branco; António Maria (N-26.05. 1903), advogado e notário na Ponte de Sor, que casa com Maria da Assunção de Carvalho Batista; Martinha (N-22.03.1905), que casa com João Gonçalves e João Gualberto (N-12.07.1907), médico em Mouriscas, que casa com Cremilde Moreira Raposo.

----- Geração dos Bisnetos -----

Mariana de Oliveira Sant´Anna (F-0411.1945) casou com José Lopes Marques (F-15.03.1916), fragateiro.

Do casamento nasceram: Severino Sant´Anna Marques (N-27.09.1873; F-28.05.1949), Isabel Sant´Anna Marques; Manuel Lopes Sant´Anna Marques (N-30.01.1882; F-25.03.1972); Cândido Sant´Anna Marques (N-07.07.1886; F-10.05.1958); Leonel Sant´Anna Marques (F-24.01.1963) e Joaquina Santa´Anna Marques.

Provavelmente porque José Lopes Marques terá falecido relativamente novo os filhos são educados, e muito bem encaminhados, por seu tio-avô, José Ferreira Sant´Anna, filho de António Ferreira Sant´Anna que, como veremos, era médico e vivia em Carnide, na altura local próximo de Lisboa.

----- Geração dos trinetos -----

Severino Sant´Anna Marques (N-27.09.1873; F-28.05.1949), além de outras actividades, exerceu medicina em Portalegre, casou com Maria Angelina de Sousa Godinho, sua prima porque filha de José Ferreira Sant´Anna.

Têm os seguintes filhos: Maria Helena (F-1965), que casou com o médico cirurgião José Alves Bento; Maria do Carmo (F-1967) que casou com Artur Almada e Melo e José, que casou com Helena Martins Ruivo.

Isabel Sant´Anna Marques casou com o farmacêutico de Alvega chamado Pimentel. Não tiveram filhos.

Manuel Lopes Sant´Anna Marques foi advogado, gerente bancário e proprietário em Elvas, onde casou com Catarina Pinto Bagulho. Tiveram os seguintes filhos: Manuel (N-04.05.1916) e Maria Manuela (N-12.07.1932). Cândido Sant´Anna Marques (N-07.07.1886; F-10.05.1958) foi médico e proprietário em Elvas, onde casou com Laura Fernandes Botelheiro (F-1984). Tiveram uma filha chamada Maria da Conceição (N-13.07.1916).

Leonel Sant´Anna Marques, médico oftalmologista em Moçambique, casou com Maria dos Prazeres Pais de Carvalho. Tiveram um filho também chamado Leonel.

Joaquina Sant´ Anna Marques casou com Diogo Ferreira Boto. Tiveram uma filha chamada Virgínia, que faleceu solteira, e uma filha chamada Maria de Lurdes que casou com o notário doutor Semedo.

----- Geração dos Netos -----

Ludovina de Oliveira, (a Espanhola), casou com Severino Lourenço Sant´Anna, como atrás foi visto e descrito.

----- Geração dos Bisnetos -----

Ermelinda de Oliveira, casou João Marques Pereira, na altura o maior comerciante de Alvega. Os filhos foram : José Marques Pereira, que casou com Virgínia Ema da Silva; Lucinda Sant´Anna Marques Pereira, solteira e Blandina Sant´Anna Marques Pereira, solteira.

----- Geração dos Trinetos -----

Do casamento de José Marques Pereira com Virgínia Ema da Silva nasceram: Fernando (N-11.11.1913), solteiro; Maria do Céu (N-1927), casada com Rui Carlos Vaz Resende e Maria Regina (N-1915), casada com o general Tomaz José Basto Machado.

----- Geração dos Bisnetos -----

A Narciza casou com Augusto Lopes Maia, nos Engarnais Fundeiros, Mouriscas e tiveram os seguintes filhos: Severino Lopes Maia (N-1880; F-1993), solteiro, que foi professor primário em Elvas; Luiza Sant´Anna Maia, solteira; Vitorino Lopes Maia, solteiro; João Lopes Maia, que casou com Amélia Valente; Maria Sant´Anna Maia que casou com António Jorge na Cova do Madeiro; Natividade Sant´Anna Maia, que casou com Basílio Cordeiro Valente nos Charoeiros; Hermínia Sant´Anna Maia, que casou com Joaquim Esparteiro no Casalão, Mouriscas e Henrique Lopes Maia, solteiro.

----- Geração dos Trinetos -----

João Lopes Maia casou com Amélia Valente tendo tido uma filha chamada Gracinda, que casou com Francisco Esteves Lameira. Do casamento de Maria Sant´Anna Maia com António Jorge nasceram os seguintes filhos: Tenório, que casou com Jacinta de Matos Cadete; Natividade que casou com Manuel Esteves Aperta; Abílio que faleceu solteiro; Augusto que faleceu solteiro; Urgel que faleceu solteiro; Leonel, solteiro e Noémia que casou com Ernesto de Oliveira Sebastião.

Do casamento de Natividade Sant´Anna Maia com Basílio Cordeiro Valente nasceram os seguintes filhos: António, que faleceu solteiro; Henrique, que casou com Maria Antónia Jorge; André, que casou com Cesarinda Valente e Virgínia, solteira.

Do casamento de Hermínia Sant´Anna Maia com Joaquim Esparteiro nasceram os seguintes filhos: José, que casou com Militina Lopes; Ludgero, que casou com Alice no Tramagal e Arménia, que casou com Luís Fernandes das Neves.

(Continua)


Este artigo foi escrito por Augusto Maia Alves, descendente em sexto grau de António Ferreira Sant’ Anna.

A cadeira do barbeiro

12.05.05 | João Manuel Maia Alves

cadeira_de_barbeiro.jpg

 

Que história engraçada
Esta que vou contar!
É a da cadeira do barbeiro
Onde gostam de se sentar!

É uma simples cadeira
Mas com uma certa história,
Não é feita de madeira
Mas ficará na memória!

Pessoas atrás de pessoas
Sempre se foram sentando,
Naquela cadeira do barbeiro
Por vezes até chiando!

Há muito para contar
O que aquela cadeira ouviu,
É sempre de louvar
O que o barbeiro sentiu!

De todo o lado chegam
Pessoas para se aviar,
É na cadeira do barbeiro
Que o cabelo vão cortar!

Miram e se remiram
E a barba vão cortar
É na cadeira do barbeiro
Que gostam de se aparaltar!

Crianças novas e velhas
Sempre gostam de se sentar
O que às vezes as desespera
São as horas de espera!

Esta cadeira de memória
Nunca disse que não,
Ficará sempre na história
Dos Mourisquenses que são!


Autora: Maria do Rosário M.Chambel Gonçalves

Natural do vizinho concelho de Mação, Maria do Rosário Chambel Gonçalves casou há vinte e oito para Mouriscas, onde desde então tem vivido. Gosta muito de Mouriscas mantendo, ao mesmo tempo, uma grande afeição pelas suas terras de origem.

Professora do ensino básico, deu aulas em várias localidades, entre elas Mouriscas. De momento, ensina em Andreus, perto do Sardoal.

Maria do Rosário Chambel Gonçalves gosta de teatro, música e poesia. Adora passeios junto ao mar.

Exposição de artistas mourisquenses

12.05.05 | João Manuel Maia Alves
No dia 26 de Março, sábado de Páscoa, realizou-se em Mouriscas uma exposição de trabalhos de artistas mourisquenses. Foi na ACATIM, organização para a terceira idade situada nas Aldeias, que o certame teve lugar. A organização esteve a cargo da AMIG’ ARTE – AMIGOS DA ARTE DE MOURISCAS.

Esta é a lista dos expositores que estiveram presentes:

ABÍLIO LOUREIRO - Pintura a óleo
ANTÓNIO VIEGAS - Pintura a óleo
CERÂMICA TEJO - Cerâmica artesanal
CLARINDA LEITÃO - Pintura a óleo
ELISA MARIA - Bordados
HELENA NASCIMENTO - Artes decorativas
MANUEL CHAMBEL - Serralharia artesanal
MANUEL GRILO - Artes decorativas
MANUEL RAPOSEIRO - Fotografia
MARIA DA CONCEIÇÃO LOURENÇO - Artes decorativas
MARIA HÉLIA SANTARENO - Bordados
OLÍVIA LOPES - Bordados
PRECIOSA MARQUES - Artes decorativas
SIFAMECA - Artesanato em cairo
SIMÃO PITA - Pintura a óleo
VALDEMAR PITA - Pintura a óleo
UTENTES DA ACATIM - Artes decorativas.

Cada expositor doou uma peça para ser leiloada a favor das vítimas do maremoto que assolou várias zonas do Oriente.

Merece realce o bom nível artístico de muitas obras expostas. Mouriscas é também uma terra de artistas!

As actividades artísticas de mourisquenses merecem divulgação. Este blogue tenciona dá-las a conhecer bem como aos seus autores.

Carlos Lopes Bento

04.05.05 | João Manuel Maia Alves

 

carlos_bento.jpg

 Carlos Lopes Bento tem escrito alguns dos melhores artigos publicados neste blogue. Justo é, por isso, que um artigo lhe seja dedicado.

Carlos Lopes Bento nasceu em 2 de Abril de 1933 em Mouriscas, no Lugar das Casas Pretas. Foram seus pais David Lopes Mestre e Elisa Alves Bento.

O pai, filho e neto de moleiros, aprendeu a arte de carpinteiro e nesta profissão trabalhou quase duas dezenas de anos, na empresa Duarte Ferreira & Filhos, de Tramagal. Deixou a empresa para, entre 1940 e 1950, ser moleiro,. Finalmente, face à decadência desta profissão, dedicou-se à agricultura, por conta própria, até à década de 1980.

A mãe já foi referida neste blogue como uma das grandes mestras de costura do passado.

O jovem Carlos Bento, entre os 11 e 15 anos, ajudou os pais na agricultura e no moinho de água, aprendendo as principais técnicas ligadas às duas artes, ajuda que continuou a partir daquela última idade, altura em que pai o matriculou no Colégio.

Fez a 4ª classe na Escola Primária de Mouriscas, tendo como mestre o Ilustre mourisquense Professor Matias Lopes Raposo e o exame de admissão, o 2ºe o 5º anos do liceu no Colégio Infante de Sagres, igualmente em Mouriscas. Depois rumou a Castelo Branco, onde, no Instituto de Santo António, fez o 7º ano liceal.

Tem a seguinte formação de nível universitário:

- Doutorado em Ciências Sociais - Especialidade História dos Factos Sociais, pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa
-.Licenciado em Ciências Antropológicas e Etnológicas pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa.
- Diplomado com o Curso Superior de Administração Ultramarina pelo antigo Instituto Superior de Estudos Ultramarinos, na altura dirigido pelo conhecido Prof. Adriano Moreira, que foi um dos seus mestres.

Entre 1954 e 1960 foi oficial miliciano e estudante ao mesmo tempo.

No começo de 1961, depois de terminar o curso de administração ultramarina, rumou a Moçambique acompanhado da família, de que faziam parte Maria Augusta Lopes Alves, professora do ensino primário, com quem tinha casado em 1958, e dois filhos de tenra idade, a Isabel Maria e o Fernando Manuel.

Manteve-se até 1974 em Moçambique, onde desempenhou funções de chefia no Quadro Administrativo e realizou trabalho de campo entre os povos makhwa de Murrupula e Mogincual, makonde de Mueda e mwani das Ilhas de Querimba e Porto Amélia, actualmente Pemba. Em Moçambique nasceu-lhe mais uma filha, a segunda, a Elisa do Rosário.

Terminada a sua carreira africana Carlos Lopes Bento não parou. Voltou aos estudos e completou a licenciatura. Iniciou também em 1980 uma carreira docente nas Universidades Livre e Internacional e no Instituto Superior Politécnico Internacional, sendo actualmente professor catedrático convidado e presidente do Conselho Científico do dito Instituto. Concluiu o seu doutoramento em 1994, com 61 anos de idade.

Para além da orientação de vários trabalhos finais de licenciatura, leccionou Antropologia Cultural, Comportamento Organizacional e Metodologia da Investigação, nas licenciaturas bietápicas de Gestão Turística e Hoteleira e de Gestão Bancária e Seguradora. Desempenha ou desempenhou também as seguintes funções:

- Responsável pela coordenação de Estágios Profissionais e director do Centro de Investigação Aplicada em Gestão Hoteleira e Turística
- Membro da Sociedade de Geografia de Lisboa, - onde exerceu cargos de direcção, nas secções de Etnografia, Antropologia e História, sendo desde de 2000 director da mesma Sociedade- , e de vários centros de investigação ligados a África, onde tem apresentado dezenas de Comunicações
- Investigador em vários projectos de natureza sócio-politíca e de desenvolvimento em todo o Continente e Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, designadamente, " A Reconversão da Pesca Artesanal, entre os rios Tejo e Sado- Aspectos Humanos", comparticipado pela JNICT.
- Presidente do Conselho Fiscal da ACATIM e da ADIMO.
- Foi o investigador responsável pelo projecto de I&D, em fase de publicação: Gastronomia Tradicional e Cultura no Processo de Mudança na Área do Pinhal, que abrange 10 concelhos.
- Participação em muitas dezenas de eventos científicos ligados à temática africana, do turismo, da etnografia e da antropologia.

Não esqueceu a África – será possível esquecê-la quem a conheceu? Interessa-se pela Antropologia Africana - ritos de passagem, alimentação e contactos de cultura - e pelos problemas relacionados com a mudança em comunidades rurais e piscatórias e em organizações empresariais, particularmente, turísticas e hoteleiras.


---PUBLICAÇÕES---

Entre a múltipla colaboração dispersa por livros e publicações periódicas (boletins, revistas e jornais), realçam-se os seguintes artigos publicados:

1980 – "Problemas Eco-Sociais e a Reconversão da Pesca Artesanal";
1982 - "O Trabalho de Campo na Antropologia e o Desenvolvimento";
1984 - "O Desenvolvimento das Pescas nas Costas do Algarve-Achegas para o Estudo do seu Passado";
1984 - " A Historiografia e a Antropologia em África",
1985 - "Moinhos e Azenhas em Mouriscas";
1986 - " As Potencialidades das Fontes Históricas na Pesquisa Antropológica",
1984 -"O Contributo do Estudo das Práticas Culinárias para um Melhor Conhecimento das Migrações Humanas e dos Fenómenos da Difusão, Mudança e Evolução Culturais - A caso específico da cozinha entre os Wamwani das Ilhas de Querimba / Moçambique;
1986 - "O Desenvolvimento das Pescas nas Costas do Algarve-Achegas para o Estudo do seu Passado. Breves Considerações Finais";
1987 - "A Pesca do rio Tejo. Os Avieiros: Que Padrões de Cultura? Que Factores de Mudança Sócio-Cultural? Que Futuro?";
1988 - "O Desenvolvimento das Pescas nas Costas do Algarve-Achegas para o Estudo do seu Passado.- Ambiente, Tecnologia e Qualidade de Vida";
1989 - "A posição Geopolítica e estratégica das ilhas da Querimba. As fortificações de alguns dos seus portos de escala"(sec. XVI a XIX).
1991 - " As Companhas de Ceifeiros Ribatejanos no Alto Alentejo- Uma Forma de Organização Social Extinta";
1991 - " O 1º Pré-censo de Moçambique- A Relação Geral de População de 1798 das Ilhas de Querimba ou de Cabo Delgado";
1992 - "Uma Experiência de Desenvolvimento Comunitário na Ilha do Ibo/Moçambique entre 1969 e 1972;
1997 - "Os Prazos da Coroa nas Ilhas de Querimba e a sua Importância na Consolidação do Domínio Colonial Português";
1999 - "A Administração Colonial Portuguesa em Moçambique- Um Comando Militar em Mogincual, entre 1886 e 1921".
2000 - "A Situação Colonial nas Ilhas de Querimba ou de Cabo Delgado: Senhorios, Mercadores e Escravos( 1742-1822) " in Estudos de Desenvolvimento. África em Transição. Anuário do CeSA- Centro de Estudos sobre África e do Desenvolvimento, ISEG.”
2000.- “Contactos de Cultura Pós-Gâmicos na Costa Oriental de África. O estudo de um caso concreto.” In Estudos Políticos e Sociais, ISCSP, Lisboa, 2000, p.p.119-126. “
2001 - “Ambiente, Cultura e Navegação nas Ilhas de Querimba- Embarcações, Marinheiros e Artes de Navegar” in Boletim da S.G.L., Série 119ª- Nºs 1-12, Janeiro-Dezembro-2001, p. 83-121.
2001 - -“A Ilha do Ibo: Gentes e Culturas- Ritos de passagem” in Separata de Estudos Políticos e Sociais, ISCSP, 2001, Vol. XXIII, nºs 1-4, Lisboa, 2001, p. 121- 167.
2002- “Mouriscas: Terra Pobre, Gente Nobre”
2003- “A Antropologia da Alimentação em Portugal. Um Estudo Concreto”.
2003- “A Cozinha Tradicional na Área do Pinhal e o Desenvolvimento Regional. O Maranho como Prato Emblemático num Processo de Mudança”
2004- “ A Possessão em Moçambique. O Curandeiro N´kanga entre o Wamwani do Ibo”.
2004- “ As Ilhas de Querimba em Imagens”
2004- “ O Porto dos Cascalhos”. Publicado neste blogue “Mouriscas – Terra e Gentes” (http://motg.blogs.sapo.pt)
2004- “Os 100 Anos da Tia Joana”. Publicado neste blogue “Mouriscas – Terra e Gentes “(http://motg.blogs.sapo.pt)
2004- “ As Mouriscas em Meados do Século XX”. Publicado neste blogue “Mouriscas – Terra e Gentes” (http://motg.blogs.sapo.pt)
2005- “A Situação Colonial nas Ilhas de Querimba ou de Cabo Delgado. Situação Colonial, Resistências e Mudança.(1742-1822)”. 1993. 2 Vols. Tese de doutoramento publicada em: http://geocities.yahoo.com.br/quirimbaspemba/final.htm.
2005- “A Antroponímia Mourisquense, entre 1860 e 1910”, em publicação neste blogue “Mouriscas – Terra e Gentes” (http://motg.blogs.sapo.pt)
É assim, em termos gerais, a biografia do Prof. Carlos Lopes Bento, que serve, também para justamente homenagear este mourisquense ilustre que antes de sair de Mouriscas, nas costa oriental de África ou depois do regresso de Moçambique sempre levou uma vida plena de actividade e de curiosidade intelectual em comunhão com outros – bem ao jeito de muitos mourisquenses. Este blogue agradece-lhe a colaboração que lhe tem prestado e conta com novos artigos palpipantes de interesse.