Criado em 2004 para falar de Mouriscas e das suas gentes. Muitos artigos foram transferidos doutro espaço. Podem ter desaparecido parágrafos ou espaços entre palavras, mas, em geral, os conteúdos serão legíveis e compreensíveis.
Criado em 2004 para falar de Mouriscas e das suas gentes. Muitos artigos foram transferidos doutro espaço. Podem ter desaparecido parágrafos ou espaços entre palavras, mas, em geral, os conteúdos serão legíveis e compreensíveis.
Manuel Eugénia Lopes Grilo, presidente da Junta de Freguesia de Mouriscas, Município de Abrantes:
Toma pública a ordenação heráldica do brasão, bandeira e selo da freguesia de Mouriscas, do Município de Abrantes, tendo em conta o parecer emitido em 20 de Outubro de 2004, pela Comissão Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses, e que. foi estabelecido nos termos da alínea q), do n.° 2 do artigo 17.° do Decreto-Lei n.° 169/99, de 18 de Setembro, sob proposta desta Junta de Freguesia, em sessão ordinária da Assembleia de Freguesia de Mouriscas de 18 de Dezembro de 2004:
Brasão escudo de ouro, dois ramos de oliveira de verde, frutados de negro, com os pés passados em aspa, acompa- nhados em chefe por capacho circular de vermelho, realçado de prata e nos flancos por duas telhas de vermelho; campa- nha diminuta ondada de azul e prata de três tiras. Coroa mural de prata de três torres. Listei branco, com a legenda a negro «MOURISCAS».
Bandeira vermelha. Cordão e borlas de ouro e vermelho. Haste. e lança de ouro.
Selo nos termos da Lei, com a legenda: «Junta de Freguesia de MouriscasAbrantes».
23 de Dezembro de 2004. O Presidente da Junta, Manuel Eugénia Lopes Grilo.
Este edital foi publicado no Diário da República , III Série, de 12 de Janeiro de 2005
Há cinquenta anos visitou Mouriscas a equipa do Sport Lisboa e Saudade, constituída de velhas glórias do Sport Lisboa e Benfica.
Imaginem o entusiasmo que esta visita despertou entre os muitos mourisquenses amantes do desporto-rei. Ver em carne e osso figuras lendárias de que conheciam as proezas através dos relatos de futebol ou da leitura de jornais era algo de quase inacreditável. Note-se que nessa altura ainda não havia televisão; aliás, nem sequer havia energia eléctrica em Mouriscas. A maioria dos mourisquenses nunca tinha visto jogos de primeiro plano.
Para muito adolescente dessa altura as vedetas do futebol, como o Travassos, o Águas e o Matateu, eram heróis. Quanto não dariam para os ver jogar ou mesmo para os ver em pessoa? Para eles, há cinquenta anos, ver actuar jogadores que conheciam de retratos que tinham coleccionado foi como que um sonho quase irreal.
As velhas glórias almoçaram no café de Jorge Baptista Matos, que era quase em frente da igreja-matriz. Com eles almoçaram duas figuras das forças vivas de então o Prof. Matias Raposo e o Sr. Francisco Grossinho. Lembro-me bem de ver à mesa o jogador Moreira, que tinha feito parte da primeira equipa do Benfica até há pouco tempo. Era careca e a sua figura reconhecia-se com facilidade. Tinha pertencido à linha média da selecção que em 1947 derrotou a Espanha por 4-1. Na barbearia de Afonso Filipe, no Carril, existia uma fotografia dessa selecção. Lá estava o Moreira.
As velhas glórias do Benfica jogaram contra uma selecção de Mouriscas, formada de jogadores dos Esparteiros e da Casa do Povo. O jogo realizou-se no Campo da Várzea, que já não existe e era um tanto inclinado.
Infelizmente, não sei qual foi a constituição das equipas. Procurei em vão artigos de jornal sobre este jogo; por isso, este artigo foi redigido de memória, só com aquilo de que me lembro. Sei que o Moreira jogou a avançado. Sei também que o Benfica fez deslocar a Mouriscas Francisco Albino, que era uma figura lendária que tinha deixado de jogar há muito na primeira equipa. Não sei se ele jogou.
Como era de esperar, juntaram-se muitas pessoas na Várzea. Não ficaram decepcionadas porque o jogo foi disputadíssimo. Para os jogadores de Mouriscas deve ter sido o jogo das suas vidas. As velhas glórias aplicaram-se como se estivessem ainda a disputar um jogo da primeira divisão. Quem sabe nunca esquece. O resultado reflecte o empenhamento dos intervenientes. Salvo erro, o resultado foi de 6-4 favorável aos velhotes, o que mostra que não deve ter havido tácticas defensivas.
Muitos anos depois, já quase no fim do século XX, as velhas glórias do Benfica visitaram de novo Mouriscas, mas isso é matéria para outro artigo.
Neste artigo damos algumas notas biográficas de José Milheiro, o poeta de quem noutro artigo publicámos versos descrevendo os pavorosos incêndios que em 1991 devastaram vastas áreas em Mouriscas.
José Milheiro nasceu em 1950 em Penhascoso, freguesia vizinha de Mouriscas pertencente ao concelho de Mação. Residiu durante muitos anos em Mouriscas. Trabalha nos Serviços Municipalizados, em Abrantes, cidade onde vive actualmente. . Fez o 6º ano de escolaridade no curso nocturno. Gostava de fazer quadras durante os anos da escola primária e do serviço militar. Toca acordeão e, quando jovem, cantava à desgarrada em bailes e festas. Presentemente, gosta de escrever sobre a Natureza e as tradições populares.
Descendente de uma família de oleiros, gosta de praticar a arte dos seus antepassados e de participar em feiras de artesanato.
Alguns versos de José Milheiro constam do livro Poetas populares do Concelho de Abrantes, editado pela Câmara Munical de Abrantes. Uma pequena biografia de José Milheiro consta desse livro, a qual serviu de base à a redacção deste artigo.
Joaquim António de Matos, de quem publicámos no artigo anterior os versos com o título "A Saúde", nasceu em 1932, no lugar da Murteira da freguesia de Mouriscas. Fez o examerne do 2º grau - ou da 4ª classe, como também se dizia - aos 11 anos de idade.
O falecido jornalista desportivo e escritor Carlos Pinhão costumava dizer que na escola primária que frequentou havia alunos bons em contas e alunos bons em redacções. Joaquim António de Matos era da segunda categoria, pois no livro que escreveu - "Espaço de Memória" - diz-se que "foi bom aluno apenas em redacção, ditado e desenho".
Na época em que Joaquim António de Matos terminou a escola primária, as crianças mal faziam a 4ª classe começavam logo a trabalhar, em geral de sol a sol nas duras tarefas do campo. Para fugir aos árduos trabalhos da agricultura Joaquim António de Matos aprendeu o ofício de barbeiro aos doze anos de idade e estabeleceu-se por conta própria aos catorze.
Joaquim António de Matos desempenha há décadas a sua profissão no lugar das Ferrarias, sendo um dos dois barbeiros ainda em actividade em Mouriscas.
Principiou muito cedo a escrever poesia, mas foi a partir de 1995 que começou a dedicar-lhe mais séria atenção. Teve trabalhos publicados no Jornal de Abrantes e em algumas revistas. Foi igualmente merecedor de atenção dalgumas rádios locais. Está representado nalgumas antologias de poesia popular, das quais há a salientar uma de poetas populares de Abrantes
Em 2002 Joaquim António de Matos publicou o livro Espaço de Memória, dedicado a seu filho, Paulo Jorge Baço de Matos, que ficou paraplégico ao praticar parapente, o seu desporto favorito. No livro tratam-se temas muito diversos, uns mais positivos que outros, constituindo um retrato do que constitui a vida no seu dia a dia com os seus altos e baixos.
Terminamos este artigo com mais um poema de Joaquim António de Matos, a quem agradecemos a autorização da publicação.
A magia dum sonho
Andei à tua procura, Mas não te encontrei; Só te vi pelas costas, No sonho que sei.
Numa corrida distante, Me cansei na areia... Eu era teu amante, Tu eras uma sereia.
Na praia junto ao mar, Te ias afastando... Eu estaria a sonhar, Sem te poder alcançar, Para trás ias ficando.
Até que por fim, fiquei, Parado e sem te ver. Mas quando acordei, Tão desiludido fiquei, Com o coração a bater...