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MOURISCAS - TERRAS E GENTES

Criado em 2004 para falar de Mouriscas e das suas gentes. Muitos artigos foram transferidos doutro espaço. Podem ter desaparecido parágrafos ou espaços entre palavras, mas, em geral, os conteúdos serão legíveis e compreensíveis.

MOURISCAS - TERRAS E GENTES

Criado em 2004 para falar de Mouriscas e das suas gentes. Muitos artigos foram transferidos doutro espaço. Podem ter desaparecido parágrafos ou espaços entre palavras, mas, em geral, os conteúdos serão legíveis e compreensíveis.

Antroponímia mourisquense (7)

03.11.05 | João Manuel Maia Alves
Neste artigo o autor, Carlos Lopes Bento, continua e termina uma série de artigos dedicados à antroponímia mourisquense entre 1860 e 1910. No fim lança um desafio. Oxalá enconte eco.

Passaremos, de seguida, a conhecer os locais de nascimento das crianças baptizadas na freguesia de Mouriscas (por ordem alfabética) e respectivos de registos efectivados, entre os anos de 1860 e 1910:

Aldeias: 8; Anselmo: 3; Apeadeiro: 3; Azenha Nova: 6; Barca: 6; Barca de Bandos: 4;
Bexiga: 2; Bica da Pedra: 5; Cabrais: 68; Camarrão: 203; Canenhos:11; Cardal: 8;
Carreira: 153; Carril: 78; Casalão: 21; Casal da Figueira: 17; Casal da Foz: 1; Casal das
Freiras: 5; Casal da Milha: 1; Casal da Neta: 48; Casal dos Castanhos: 11; Casal dos
Cordeiros: 38; Casal dos Lousos: 26; Casal dos Vares: 63; Casal Fundeiro: 11; Casal
Pita: 96; Casas Novas: 122; Casas Pretas: 90; Cascalhos: 75; Castelo: 34; Charoeiros:
59; Cova de Madeiro: 28; Colmeada/Cumeada: 10; Engarnais Cimeiros: 244;
Engarnais Fundeiros: 123; Entre Serras: 176; Escorrega: 1; Ferrarias: 308; Fonte Sapo: 5; Igreja: 243; Lercas: 135; Lomba Cimeira: 81; Lomba Fundeira: 28; Mendavão: 8; Monte Novo: 25; Murteira: 35; Outeirinho: 52; Outeiro Cimeiro: 63; Outeiro Fundeiro: 11; Ponte: 4; Portela: 16; Raposeira: 7; Rio Frio: 2; São Gabriel: 11; Sourões: 79; Surdo: 51; Tejo: 9; Telheiros: 2; Tojal: 49; Vale: 28; Vale Covo: 15; Vale da Fontinha: 13; Vale do Esteio: 50; Várzea: 54; Venda: 50; Vimieiro: 143.

Destes cerca de 70 lugares habitados alguns deles apresentam-se com a designação de «casal» (*) ou seja um pequeno povoado, inicialmente, constituído por uma família,
que construiu habitação em propriedade própria, geralmente, de pequena dimensão. Depois, em propriedades próximas, outras famílias foram aumentado o lugarejo com a edificação de outras casas:

(*) Segundo os dicionaristas «casal» tem varias significações: Pequeno povoado; lugarejo; aldeola; granja; herdade; conjunto das propriedades de uma família; conjunto de pequenas propriedades rústicas; par composto de macho e fêmea; marido e mulher;
Prov., pequena propriedade cercada, a pequena distância da residência do dono.

Do conjunto de locais de nascimento acima referenciado verifica-se existirem, entre 1860 e 1910:

1 LUGARES/CASAIS COM MAIS DE 300 REGISTOS

Ferrarias: 308;

3 LUGARES/CASAIS COM O NÚMERO DE REGISTO ENTRE 249 e 200

Engarnais Cimeiros: 244; Igreja: 243; Camarrão: 203;

2 LUGARES/CASAIS COM O NÚMERO DE REGISTO ENTRE 199 e 150

Entre Serras: 176; Carreira: 153;

4 LUGARES/CASAIS COM O NÚMERO DE REGISTO ENTRE 149 e 100

Vimiero: 143; Lercas: 135; Engarnais Fundeiros: 123; Casas Novas: 122.

14 LUGARES/CASAIS COM O NÚMERO DE REGISTO ENTRE 99 E 50

Casal Pita: 96; Casas Pretas: 90; Lomba Cimeira: 81; Sourões: 79; Carril: 78; Cascalhos: 75; Casal dos Vares: 63; Cabrais: 68; Outeiro Cimeiro: 63; Várzea: 54; Outeirinho: 52; Surdo: 51; Vale do Esteio: 50; Venda: 50.

21 LUGARES/CASAIS COM O NÚMERO DE REGISTO ENTRE 49 e 10

Tojal: 49; Casal da Neta: 48; Casal dos Cordeiros: 38; Murteira: 35; Castelo: 34; Cova de Madeiro: 28; Lomba Fundeira: 28; Vale: 28; Casal dos Lousos: 26; Monte Novo: 25; Casalão: 21; Portela: 16; Casal da Figueira: 17; Vale Covo: 15; Vale da Fontinha: 13; Canenhos: 11; Casal dos Castanhos: 11; Casal Fundeiro: 11; Outeiro Fundeiro: 11; São Gabriel: 11; Colmeada/Cumeada: 10.

20 LUGARES/CASAIS COM MENOS DE 10 REGISTOS

Tejo: 9; Aldeias: 8; Cardal: 8; Mendavão: 8 Raposeira: 7; Azenha Nova: 6; Barca: 6; Bica da Pedra: 5; Casal da Foz: 1; Casal das Freiras: 5; Fonte Sapo: 5; Barca de Bandos: 4; Ponte: 4; Anselmo: 3; Apeadeiro: 3; Bexiga: 2; Rio Frio: 2; Telheiros: 2; Casal da Foz: 1; Casal da Milha: 1; Escorrega: 1.

Locais indicados nos registos não pertencentes à freguesia de Mouriscas: Ribeiro David, Faxeiros e Torres da Vargens.

O número de registos em cada lugar dá-nos uma ideia geral da distribuição espacial da população mourisquense, que, tal como hoje acontece, se repartia desigualmente pelo território da freguesia, dando origem a um povoamento rural, disperso e aglomerado.

Assim, de norte para sul, como lugares da freguesia mais povoados apresentavam-se:

No extremo norte da freguesia: Lercas: 135 e Entre Serras: 176;

No centro e centro oeste: Ferrarias: 308, o povoado com o maior número de registos; Igreja: 243; Carreira: 153 e Vimiero: 143.

No centro sul e extremo sul: Engarnais Cimeiros: 244; Camarrão: 203; Engarnais Fundeiros: 123 e Casas Novas: 122.

Locais do extremo sul, próximos da margem direita do Tejo(por ordem alfabética):

Apeadeiro: 3; Barca: 6; Barca de Bandos: 4; Bexiga; Canenhos: 11; Casal da Foz: 1; Casal das Freiras: 5; Casal dos Cordeiros: 38; Cascalhos: 75; Castelo: 34; Ponte: 4; Tejo: 9; Vale Covo: 15.

Distribuição de lugares a norte e a sul, tendo como divisória a Estrada Nacional que liga
Abrantes ao Mação e que atravessa a freguesia:

Parte Norte

Anselmo: 3; Bica da Pedra: 5; Cabrais: 68; Cardal: 8; Carreira: 153; Carril: 78; Casal da Neta: 48; Casal dos Castanhos: 11; Casal dos Lousos: 26; Casal dos Vares: 63; Casal Fundeiro: 11; Entre Serras: 176; Escorrega: 1; Ferrarias: 308; Lercas: 135; Lomba Cimeira: 81; Lomba Fundeira: 28; Mendavão: 8; Murteira: 35; Outeiro Cimeiro: 63; Portela: 16; Raposeira: 7; Sourões: 79; Tojal: 49; Vale da Fontinha: 13; Vale do Esteio: 50; Várzea: 54; Vimieiro: 143.

Repartidos pelos dois lados da dita Estrada:

Igreja: 243 e Venda: 50.

Parte Sul

Aldeias: 8; Apeadeiro: 3; Azenha Nova: 6; Barca: 6; Barca de Bandos: 4; Bexiga: 2; Camarrão: 203; Canenhos:11; Casalão: 21; Casal da Figueira: 17; Casal da Foz: 1; Casal das Freiras: 5; Casal da Milha: 1; Casal dos Cordeiros: 38; Casal Pita: 96; Casas Novas: 122; Casas Pretas: 90; Cascalhos: 75; Castelo: 34; Charoeiros: 59; Cova de Madeiro: 28; Colmeada/Cumeada: 10; Engarnais Cimeiros: 244; Engarnais Fundeiros: 123; Fonte Sapo: 5; Monte Novo: 25; Outeirinho: 52; Outeiro Fundeiro: 11; Ponte: 4; Rio Frio: 2; São Gabriel: 11; Surdo: 51; Tejo: 9; Telheiros: 2; Vale: 28; Vale Covo: 15.

Estes dados permitem-nos concluir existirem na parte sul da freguesia 36 lugares contra 28 da parte norte. Contudo é esta, aliás com maior área, que se apresentava com um mais significativo número de registos: 1660 para 1422. Nas duas áreas há a incluir os dois lugares que se distribuem pela parte norte e pela parte sul: Igreja: 243 e Venda: 50, verificando-se que na parte sul existe um maior povoamento.

Locais próximos da margem direita da Ribeira do Rio Frio(por ordem alfabética):

Azenha Nova: 6; Cova de Madeiro: 28; Rio Frio: 2.

Locais próximos da margem esquerda da Ribeira da Arcês (por ordem alfabética):
Bexiga: 2; Bica da Pedra: 5; Escorrega:1; Anselmo: 3.

As margens do Tejo e das ribeiras que limitam a freguesia, pela sua agressividade física, constituíram factores de repulsão que não permitiram um povoamento intenso como seria de esperar. Com excepção do Casal dos Cordeiros, Cascalhos e Castelo, com solos vermelhos de excelente qualidade, onde houve uma razoável fixação demográfica, os restantes lugares referidos tiveram uma diminuta expressão populacional.

De realçar o aparecimento mais tardio de alguns lugares, mais próximos de 1910, a maioria sediados na parte sul da freguesia, cujos primeiros registos datam de:

1883- Casalão: 21;
1896- Casal da Foz: 1;
1897- Apeadeiro: 3;
1898- Bexiga: 2;
1898- Cardal: 8;
1898- Casal das Freiras: 5;
1899- Casal da Milha: 1;
1901- Rio Frio: 2;
1902- Telheiros: 2;

A maior parte deste lugares terão surgido com a construção da linha da Beira Baixa, inaugurada, entre Abrantes e Castelo Branco, em 5 de Setembro de 1894, estando alguns dos outros relacionados com a indústria artesanal da cerâmica e da moagem de cereais, em moinhos e azenhas.

No documento em análise que serviu de base à elaboração do presente trabalho sobre a antroponímia mourisquense, para além do nome, da data e local de nascimento da criança, dos nomes dos pais e avós paternos e maternos, está também disponível o nome dos padrinhos do baptismo. Uma breve análise mostra-nos que os pais convidavam para padrinhos dos seus filhos: os avós paternos ou maternos, os tios paternos ou maternos e amigos próximos, sendo, possível, segundo as conveniência, vários arranjos, com seja uma avô materno e uma avó paterna, uma avô e uma tia, ... .

A religiosidade cristã de muitas famílias é, frequentemente, manifestada pela escolha de Nossa Senhora do Rosário para madrinha: «Manuel Dias Trindade e Nossa Senhora do Rosário»; «Luis Alves Bento e Nossa Senhora do Rosário», »Manuel Alves e Nossa Senhora do Rosário», «avô paterno e Nossa Senhora do Rosário», ... .

Com a publicação do presente trabalho procurou saber-se, em relação a cada sexo, quais os nomes, sobrenomes e apelidos que foram dados e usaram os nossos ascendentes próximos(pais, avós, bisavós, ... ), conhecer a sua razão de ser e desvendar o significado de alguns deles e, ainda, quantas crianças nasceram por ano e em que lugares. Também foi referenciada a escolha dos padrinhos de baptismo, geralmente, familiares de sangue, e a substituição da madrinha pela Nossa Senhora do Rosário. Para, finalmente, ser referenciada a distribuição espacial da população de Mouriscas e indicados os lugares/casais de formação mais próxima de 1910.

Para conhecer as alterações verificadas na antroponímia mourisquense depois de 1910, que, serão muitíssimas, lanço aqui um desafio os meus conterrâneos mais jovens e não só, convidando-os a fazer pesquisa nos livros de registos de nascimento, nos dois períodos seguintes; 1911 a 1950, e 1951 a 2000, de modo a poderem comparar-se os resultados com os do presente estudo. Será um valioso contributo que prestarão a Mouriscas e às suas gentes, que as gerações vindouras muito apreciarão.

Referências Bibliográficas


Antroponímia Antiga e Moderna. Instituto de Camões, Centro Virtual Camões, 2001.

GUÉRIOS, Rosário Farâni Mansur, Nomes & Sobrenomes. S. Paulo, Editora Ave Maria, 1994.

LEITE DE VASCONCELHOS, José, Antroponímia Portuguesa. Tratado Comparativo da Origem, Significação, Classificação, e Vida do Conjunto dos Nomes Próprios, Sobrenomes, e Apelidos, Usados por Nós Desde a Idade Média até Hoje. Lisboa, Imprensa Nacional. 1928.

SITES DA NET

http://www.geocities.com/Broadway/Stage/7734/signif1.html

http://www.mulhervirtual.com.br/nomes/nomes.htm.

http://www.bn.com.br/~lavirod/nomes.htm


Texto da autoria de Carlos Bento.